Afluente: Revista de Letras e Linguística http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente <p>Afluente: Revista de Letras e Linguística, em formato eletrônico, foi criada em 2015 pela Coordenação de Letras, da Universidade Federal do Maranhão, campus Bacabal, com o objetivo de promover e divulgar pesquisas nacionais e internacionais sobre Linguística, Teoria Literária, Estudos Comparados, Língua Portuguesa, Ensino de Literatura e Língua Portuguesa e, por fim, Língua Brasileira de Sinais.</p> <p>Atualmente, publica dois números por ano, constituídos sobretudo de artigos, resenhas, ensaios e entrevistas nacionais e/ou internacionais.</p> <p>O periódico recebe trabalhos <strong>inéditos</strong> (artigos, resenhas e ensaios) em suas duas seções, Estudos Linguísticos e Estudos Literários. A <strong>Afluente </strong>recebe trabalhos <strong>apenas</strong> de professores <strong>doutores. </strong>Mestres, mestrandos e doutorandos podem submeter textos desde que em <strong>coautoria com um professor doutor.</strong> A recepção de artigos dá-se em fluxo contínuo, com publicações em junho e dezembro.</p> <p>Eventualmente, pode haver publicações temáticas com chamadas e prazos específicos.</p> <p class="default">As línguas aceitas para publicação são o português, o inglês, o espanhol e o francês. Conceitos e opiniões contidos nos trabalhos submetidos à <strong>Afluente</strong> são de responsabilidade de seus autores.</p> <p class="default">ISSN 2525-3441</p> <p class="default">Periodicidade: Semestral</p> <p class="default"><strong>Qualis/CAPES (2017-2020): A4 </strong></p> Universidade Federal do Maranhão pt-BR Afluente: Revista de Letras e Linguística 2525-3441 <p>Direitos autorais Afluente: Revista Eletrônica de Letras e Linguística <br /><br /><img src="http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/afluente/management/settings/distribution/undefined" alt="" /></p> <p>Este trabalho está licenciado com uma Licença <a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license">Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional</a>.</p> <p> </p> A natureza da ofensa dos termos derivados de animais http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/23793 <p><span style="font-weight: 400;">Nesse artigo exploraremos propriedades semânticas, morfológicas, e a natureza da ofensa dos termos derivados de nomes de animais, ou seja, qual é o domínio de significado a partir do qual um dado termo é ofensivo. Num primeiro momento, baseados em Basso e Silva (2024), mostraremos que os pejorativos derivados de nomes de animais podem ser classificados como ofensas, injúrias e injúrias de gênero, para então explorar algumas de suas características morfossintáticos, e então investigar as razões por trás da pejoratividade desses termos, se eles têm a ver com comportamento sexual, capacidades cognitivas, formato do corpo, entre outros. Este não é um trabalho exaustivo, mas pode ser visto como um panorama das ofensas baseadas em nomes de animais e dos valores atualmente em jogo na sociedade brasileira quando se trata de ofensas.</span></p> Giovanna Costa Silva Renato Miguel Basso Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-29 2024-08-29 9 25 01 23 10.18764/2525-3441v9n25.2024.14 Configurações dos narradores de Pedra Bonita e de Cangaceiros http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24042 <p>José Lins do Rego publica Pedra Bonita e Cangaceiros em 1938 e 1953, respectivamente. Situados em momentos diferentes da história da literatura brasileira e do desenvolvimento econômico do país, os romances guardam entre si significativas diferenças estéticas, mesmo que um seja continuidade do outro em termos temáticos. Uma dessas diferenças, embora também constitua uma continuidade ao seu modo, é a configuração do narrador: Cangaceiros radicaliza a discrição e quase desaparição da voz narrativa. Este artigo pretende refletir sobre esses e outros caracteres das vozes que narram essa história. O método de interpretação sociológica, praticado, por exemplo, por Antonio Candido. norteia esta interpretação dos romances. Ao final, propõe-se o entendimento de que a voz narrativa é apagada pelas forças e condições materiais que envolvem a lógica da estrutura econômica semifeudal praticada no Nordeste entre o final do século XIX e o início do século XX. Nesse sentido, o romance reguiano internaliza, em sua estrutura, a estrutura social vigente.</p> Netanias Mateus de Souza Castro Manoel Freire Rodrigues Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-14 2024-08-14 9 25 01 20 10.18764/2525-3441v9n25.2024.13 O fixo e o fluido em “Retrato de família”, de Carlos Drummond de Andrade http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/21869 <p>O poema “Retrato de família”, de Carlos Drummond de Andrade, condensa questões filosóficas acerca da mobilidade de todas as coisas, refletindo também sobre problemas relacionados à fotografia e à memória. A consciência da fluidez do universo em contraste com a suposta fixidez da imagem capturada pela câmera provoca todo um incômodo no observador, o que será o assunto do texto. Este artigo faz uma análise cerrada do poema, correlacionando-o com reflexões de pensadores e estudiosos que trataram dos temas que o poeta brasileiro retoma e sintetiza.</p> Adriano de Paula Rabelo Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-06-28 2024-06-28 9 25 01 13 10.18764/2525-3441v9n25.2024.01 Enganos e descobertas em Nada a dizer, de Elvira Vigna http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/22666 <p>Partindo dos conceitos acerca da escrita autobiográfica, sobretudo os de Philippe Lejeune (2008) e Manon Auger (2006), este artigo propõe uma análise do romance <em>Nada a dizer </em>(2010), de Elvira Vigna, como um diário ficcional. Neste romance, Vigna dá voz a uma mulher traída pelo marido após anos de casamento. A narradora vai expondo o processo de descoberta de forma cronológica, lançando mão de uma série de traços da escrita em ato próprios do diário. Essa autora ficcional encontra na escrita uma forma de organização do real e do emocional, da relação com o outro e consigo, em uma dinâmica entre narrar a si e narrar o outro diante dos impasses da relação conjugal quanto à formação de uma identidade.</p> Clara Magalhães do Vale Mônica Fernanda Rodrigues Gama Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-06-30 2024-06-30 9 25 01 19 10.18764/2525-3441v9n25.2024.02 Memória, discurso e sujeito: o entrelugar do surdo entre L1 e L2 http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/23406 <p>A presente investigação tem por finalidade analisar como se constitui a produção de sentidos na escrita do sujeito surdo, pondo em destaque as possíveis marcas da memória de si como sujeito que requisita um eu individual e, ao mesmo tempo, reconhece-se coletivo e sobretudo, diferente dos demais. Neste estudo, trazemos uma proposta que se insere no escopo teórico-metodológico da Análise de Discurso materialista francesa e refletiremos a luz de autores como: Pêcheux (1999; 2009), Orlandi (2007; 2015), Indursky (2000; 2013) dentre outros. Para tratarmos sobre a Libras e a relação de L1 e L2: Fernandes e Moreiras (2009), Quadros (1997), dentre outros. O <em>corpus </em>em análise foi coletado a partir de uma postagem na rede social <em>Facebook</em>, tendo seus recortes feitos resultando em 2 sequências discursivas -SDs. Nossa proposta é relacionar a discussão teórica presente na AD aqui, pelas seguintes categorias: memória/interdiscurso; analisamos a relação que a escrita do surdo desempenha e evoca sentidos que já existem na memória e no interdiscurso bem como a intrínseca relação que a Libras, L1 do surdo se faz presente no português como marca identitária desse sujeito marcando também a posição-sujeito que este assume. A análise do <em>corpus </em>aponta para a demarcação de posições-sujeito filiadas à defesa de identidades surdas possíveis pelo discurso que suporta a surdez como diferença socioantropológica e não pelo discurso filiado à deficiência, funcionamentos estes que são evocados pela memória presente nas formações discursivas e pelos pré-construídos disponíveis no interdiscurso.</p> Cleyce Carla Pereira da Silva Thatiana Silva Santos Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 01 24 10.18764/2525-3441v9n25.2024.11 Análise sistêmico-funcional da violência contra a mulher no gênero reportagem http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/23649 <p>Neste artigo, analisa-se, crítica e sociossemioticamente, como complexos semânticos representam violências contra a mulher no gênero jornalístico reportagem. De cunho qualitativo-interpretativista, os dados são extraídos de dois relatos de mulheres agredidas por ex-companheiros, veiculados numa seção <em>on-line</em> especial de reportagens da Revista Veja, em 2021. Depreende-se o complexo de significados a partir das contribuições da Semiótica Social (Halliday; Hassan, 1989[1985]; Halliday (1985); Halliday; Matthiessen, 2014[2004], cujo foco é a Linguística Sistêmico-Funcional, entrecortada pela Gramática Sistêmico-Funcional, segundo Halliday e Matthiessen (2014[2004]), com ênfase no nível extralinguístico <em>hallidayiano</em> (contextos de cultura e situação, destacando as variáveis de registro campo, relação e modo). Ademais, seleciona-se a metafunção ideacional, realizada no sistema de transitividade, que representa as pessoas agindo no mundo e sobre os outros, analisando as experiências vivenciadas. Conclui-se, a partir dos contextos de situação e cultura, espelhados pela metafunção ideacional, que há uma persistência da cultura patriarcal, perpetuando a desigualdade de gênero e a violência, estereótipos de gênero enraizados na cultura, entre outros. Esse fato realça a necessidade de oportunizar ao corpo social a reflexão e o questionamento sobre o tema, bem como a importância da interpretação crítica das relações interpessoais.</p> <p> </p> <p> </p> Arlete Ribeiro Nepomuceno Vera Lúcia Viana de Paes Maria Clara Gonçalves Ramos Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-07-19 2024-07-19 9 25 01 27 10.18764/2525-3441v9n25.2024.03 Cenário Amazônico estetizado: uma análise do estilo metapoético na poesia de Paes Loureiro http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/23764 <p>O presente trabalho se propõe a analisar a reflexão metapoética imbuída em alguns poemas do livro Artesão das Águas (2014), do poeta e teórico paraense João de Jesus Paes Loureiro, de modo a averiguar tais discussões referentes à poética do autor. De forma específica, serão analisadas as imagens do cenário amazônico, bem como as recorrências de temas que incidem sobre a personificação da criação poética, no intuito de averiguar como o poeta se vale desses elementos para discorrer acerca da própria poesia. Para isso, é essencial refletir sobre metapoesia com a obra de Octávio Paz (2012), Agleice Gama (2011), Geraldo Cavalcante (2012), dentre outros, para compreender melhor o estilo do autor, baseando-se ainda na ideia de que a poesia loureiriana é marcada pela transcendência da matéria da cultura amazônica quanto ao fazer poético, o que faz reverberar toda uma gama de reflexões sobre a tarefa produtiva da poesia. Por fim, os ensaios do próprio Paes Loureiro (2001a; 2001b; 2001c) darão suporte para tal pesquisa, almejando-se compreender a reflexão sobre o fazer de poesia na obra deste autor.</p> Raphael Bessa Ferreira Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-09-25 2024-09-25 9 25 01 17 10.18764/2525-3441v9n25.2024.15 Águas profundas: partilhas entre as literaturas da Guiana Francesa, do Suriname e do Brasil http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24142 <p>Este artigo tem por objetivo tecer uma reflexão a respeito das similaridades na produção literária contemporânea do extremo norte da América do Sul, mais especificamente, da Guiana Francesa, do Suriname e do Estado do Amapá, no Brasil. Parte-se da compreensão de que a permanência da imagem dos navios tumbeiros nas obras de literatura revela a conexão entre a região, suas semelhanças históricas, culturais e literárias independentemente da consciência dos autores sobre essa questão ou do desejo de promover um diálogo transnacional ou transfronteiriço. Para ilustrar essa discussão, serão analisados textos de três escritoras, a saber o conto “<em>Bois d’ébène: des racines de l’oubli à la résistence éternelle</em>” (2010) da guianense Marie-Goerge Thebia, o romance histórico <em>Tutuba: the girl from the slaveship Leusden</em> (2013), da surinamesa Cynthia McLeod e os poemas “África amiga” (2021) e “A saga dos negros” (2018) da poeta amapaense Negra Áurea. A poética da Relação, conforme formulada por Glissant (2021), e o feminismo decolonial de Vergès (2020) servirão de base teórica para a problematização proposta.</p> Natali Fabiana da Costa e Silva Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 01 20 10.18764/2525-3441v9n25.2024.06 Amor e erotismo em “Inocente céu de cinzas”, de Cacio José Ferreira http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24143 <p>Este artigo explora as complexidades do amor, do erotismo e da poesia na obra <em>Inocente Céu de Cinzas – reflexos de haicai</em> (2020) de Cacio José Ferreira, baseando as reflexões em Octavio Paz e na influência da cultura japonesa no Brasil. Inicialmente, investigam-se os conceitos de erotismo e de haicai. Em seguida, são abordadas as perspectivas ocidental e oriental do amor, destacando as diferenças e influências. As duas primeiras partes são contextualizadas por um panorama temporal. Por fim, o artigo analisa como Ferreira traduz os conceitos mencionados em sua poesia, na contemporaneidade, explorando o amor como uma experiência que transcende o físico e busca conexões espirituais e emocionais, enquanto utiliza a natureza como metáfora para estabelecer os mistérios do amor e do erotismo. Na conclusão, o trabalho ressalta a interseção da tradição japonesa e perspectivas com fonte de compreensão verticalizada das temáticas, enriquecendo a apreciação da natureza humana e suas expressões amorosas.</p> Andara Kellen Reis de Almeida Saturnino José Valladares López Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 01 18 10.18764/2525-3441v9n25.2024.05 Andarilha em desdobramento: a poética multimodal de Deisiane Barbosa http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24144 <p>Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, é uma pequena cidade com ar colonial e com uma arquitetura barroca que espirala as temporalidades. Resguarda mistérios ancestrais e contemporaneidades singulares. Cenário, lugar de pertencimento, urbe: cachoeiras de possibilidades. É a partir desse território de oferendas que a artista multissemiótica e escritora plural, Deisiane Barbosa, caminha para o extrapolamento das suas produções. Caminhante pelas fronteiras e errante entre as linguagens artísticas, a poeta oferece um ebó de percepções cotidianas, de olhares sensíveis ao corpo, à escrita, à oralidade, à performance. Amparada em uma rede, ora solitária, ora inundada por outras mulheres, Deisiane reverbera suas produções artísticas no entrelugar das linguagens e das concepções. Nesse caminho tortuoso e multifacetado, cujo/a andante se faz no processo do caminhar, o artigo se propõe a perambular pelas trilhas e pelas linguagens artísticas da Deisiane Barbosa, focalizando as produções de <em>Cartas a Tereza</em> e seus desdobramentos em vídeos-performances.</p> Rubens da Cunha Waleska Rodrigues de Matos Oliveira Martins Viviane Ramos de Freitas Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 01 22 10.18764/2525-3441v9n25.2024.07 Bacellar e Beça: um exercício de tradução de haikai http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24146 <p>O haicai como gênero poético é difundido em muitos lugares do mundo. No Brasil, onde há a maior população de descendentes de japoneses além do próprio Japão, o haikai foi assimilado de duas maneiras: por meio de poetas brasileiros escrevendo em português e poetas imigrantes escrevendo em japonês. O haikai em português foi assimilado e adaptado, combinando-o com o vocabulário local relacionado à natureza igualmente específica de cada região. No Amazonas, dois dos maiores expoentes do haikai são os poetas Luiz Bacellar e Aníbal Beça. Este artigo apresenta brevemente alguns de seus poemas encontrados nos livros "Satori", de Bacellar, e "Folhas da Selva", de Beça. Como nicho a ser explorado, selecionamos alguns que utilizam recursos sinestésicos, a fim de traduzi-los e, nesse exercício, refletir sobre as escolhas tradutórias.</p> <p> </p> <p> </p> Michele Eduarda Brasil de Sá Cacio José Ferreira Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 01 11 10.18764/2525-3441v9n25.2024.04 Parque industrial, o romance proletário de Patrícia Galvão: interseções e desalinhos com as gerações de 1922 e 1930 do Modernismo Brasileiro http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24155 <p>Neste artigo, pretende-se analisar escolhas estéticas e políticas de Patrícia Galvão na concepção e realização de <em>Parque Industrial</em>, considerado o primeiro romance proletário do país. A partir da perspectiva de linguagem experimentalista da primeira geração modernista, a autora empreende um romance de denúncia social, alinhado ideologicamente, portanto, ao modernismo da segunda geração. Entretanto, ao dar voz, no romance, a mulheres trabalhadoras, Galvão transgride, também, concepções importadas do realismo socialista da União Soviética, predominante nos escritos da geração de 1930, desassociando-se, desse modo, dos moldes vigentes no tempo de sua escrita. A partir das reflexões de Constância Lima Duarte (2016), Rita Terezinha Schmidt (2019), Silviano Santiago (2000) e Luiz Lafetá (2000), busca-se pensar sobre as interseções e os desalinhos que o romance estabelece com as perspectivas estéticas modernistas das duas primeiras gerações, que o tornam singular na literatura brasileira.&nbsp;</p> Lais de Oliveira Moreira Cacio José Ferreira Priscila Vasques Castro Dantas Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 01 16 10.18764/2525-3441v9n25.2024.09 Narrar o grande branco: palavra e imagem em Noite dentro da noite, de Joca Reiners Terron http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24156 <p>Este trabalho realiza uma análise intersemiótica de <em>Noite dentro da noite – uma autobiografia</em>, de Joca Reiners Terron (2017), problematizando como as fotografias que abrem os capítulos do romance atuam na estruturação de uma narrativa descentrada e fragmentária. A hipótese é de que a impossibilidade de fala do personagem e as imagens, rasuradas, colocam a ditadura militar e o trauma histórico e individual sob o signo do que não pode ser dito – seja porque foi apagado, seja porque sua lembrança é insuportável.&nbsp; A leitura aqui apresentada articula a composição da voz em segunda pessoa à problematização do endereçamento na narrativa, questionando de que modo a fragmentação e os brancos da memória evidenciam, no romance, realizações da cultura brasileira contemporânea em que palavra e imagem ligam-se aos não-ditos da História ora pelos impactos subjetivos do desaparecimento político, ora pela impossibilidade de narrar o trauma.</p> Juliana Santini Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 10.18764/2525-3441v9n25.2024.10 Percursos literários na trilogia de filmes de João César Monteiro: Recordações da casa amarela (1989), A comédia de Deus (1995) e As bodas de Deus (1998) http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24158 <p>João César Monteiro (1939-2003) foi um cineasta português integrante do movimento Novo Cinema. O seu primeiro filme remonta à década de 70. A partir daí construiu uma filmografia baseada na crítica social e na transgressão moral, sobretudo do seu personagem maior, João de Deus, a quem emprestou o nome e o corpo, uma vez que o realizador também era ator. Nas décadas de 80 e 90 contou as peripécias do personagem em cinco filmes, sendo que três deles formam, sequencialmente, uma trilogia de acontecimentos na vida de João de Deus e no seu comportamento marginal e transgressor. Pretende-se, neste artigo, analisar algumas referências literárias nos filmes <em>Recordações da Casa Amarela</em> (1989), <em>A Comédia de Deus</em> (1995) e <em>As Bodas de Deus</em> (1998), com as quais João César Monteiro dialogou, trazendo uma linguagem cinematográfica nova, eivada de complexas teias de sentido estético, literário e filosófico.</p> Fernanda Cristina da Encarnação dos Santos Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 01 15 10.18764/2525-3441v9n25.2024.08 Fantasmagorias canônicas na obra De passagem mas não a passeio: literatura marginal periférica desconstruindo a poiésis http://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24162 <p>A literatura periférica espraia-se visceralmente no sistema literário brasileiro, ao incorporar inúmeros matizes estilísticos, contribui de maneira efetiva para a criação de redes de pensamento que possam redimensionar aspectos importantes no que diz respeito ao cânone, ao poeta e a poesia, ou seja, repensar a própria condição da literatura no mundo contemporâneo. Neste sentido, nosso ensaio visa analisar algumas dessas condições de trânsito teórico no livro <em>De passagem mas não a passeio</em>, da poeta Dinha, nome representativo na literatura periférica de autoria feminina. A obra, ao evocar poetas de extração canônica, nos coloca uma série de questionamentos sobre a maquinaria do texto poético, bem como uma discussão sobre o que é ser poeta, tendo em vista que a ideia de metapoesia é sistematizada ao longo do livro, criando assim um todo orgânico a enlaçar elementos canônicos com a experiência de vida, elemento fulcral no desenho identitário dessa literatura que reinscreve os padrões legitimados pelo cânone.</p> Francisco Alves Gomes Cacio José Ferreira Norival Bottos Júnior Copyright (c) 2024 Afluente: Revista de Letras e Linguística http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2024-08-08 2024-08-08 9 25 10.18764/2525-3441v9n25.2024.12