PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS SUBJACENTES À FORMAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA
tendências e desafios
DOI:
https://doi.org/10.18764/2178-2229v29n3.2022.43Palavras-chave:
Curso de Pedagogia, diretrizes, epistemologia, formação de professoresResumo
As últimas décadas têm sido marcadas por reformas e pela implementação de projetos de formação distantes dos resultados de pesquisa, revelando um descompasso entre as lógicas que norteiam as reformas e o que dizem os pesquisadores sobre demandas emergentes no campo da formação de professores. Esse descompasso tem estimulado estudos sobre os pressupostos epistemológicos da formação docente, tendo em vista maior qualificação da análise sobre as propostas de formação que estão sendo implementadas em diferentes contextos. Em sintonia com os aspectos ora apresentados, este artigo apresenta resultados de uma tese de doutorado que investigou os pressupostos epistemológicos subjacentes à formação no Curso de Pedagogia em uma universidade pública estadual na região Nordeste do Brasil. Pretendeu-se analisar o efeito epistêmico das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura instituída pela Resolução do Conselho Nacional de Educação CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Quanto à metodologia, utilizou-se: revisão de literatura com recorte a partir da segunda metade do século XX, explorando contribuições de autores de tendência crítico-progressista no campo da educação; pesquisa documental e empírica cuja coleta de dados envolveu aplicação de questionário; e entrevista semiestruturada. Os resultados evidenciaram o avanço da perspectiva conservadora político-ideológico e do neoliberalismo na educação, o esgotamento da tese da docência como base da formação do Curso de Pedagogia e, ainda, indicaram demandas para novos estudos sobre a problemática epistemológica presente na Ciência da Educação e no Curso de Pedagogia.
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