Editorial Revista Iluminus v. 2, n. 2, jul./dez. 2025

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Editorial Iluminus

O quarto número da Revista Iluminus reafirma o compromisso do periódico com a reflexão crítica, interdisciplinar e rigorosa sobre a filosofia, a literatura, as artes e o pensamento moderno e contemporâneo. Reunindo ao todo dezessete textos, esta edição oferece ao leitor um panorama plural de investigações que dialogam, de modo consistente, com os problemas centrais do Iluminismo, em especial a partir das obras de Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant, sem perder de vista desdobramentos estéticos, políticos, pedagógicos e literários que atravessam diferentes tempos e contextos. A organização deste número foi pensada de modo a conduzir o leitor por seções articuladas entre si, preservando a diversidade temática e metodológica que caracteriza a Iluminus.

A seção Século XVIII é composta por quatro estudos que se dedicam a questões centrais do pensamento moderno. O artigo de Vital Alves, Harrington versus Rousseau: republicanismo e economia política, propõe uma análise comparativa entre os republicanismos de James Harrington e Jean-Jacques Rousseau, destacando a emergência ainda incipiente da discussão sobre economia política em ambos os autores. Ao evidenciar convergências e divergências, o texto contribui para uma compreensão mais ampla das bases econômicas e políticas do republicanismo moderno. Em Kant e a Fantasia livre: as condições subjetivas para a improvisação musical, Nertan Dias Silva Maia e Danielton Campos Melonio investigam, a partir da terceira Crítica e da Antropologia de Kant, as condições subjetivas que possibilitam a improvisação musical, articulando os conceitos de gênio, representação clara e obscura à forma musical da fantasia livre. O estudo de Juvêncio Terra Marques, Rousseau: a formação do estado e o poder da autoridade, analisa a legitimação do Estado civil e da autoridade política no Contrato Social, examinando a relação entre vontade geral, interesses particulares e justiça do poder político. Encerrando a seção, Paulo Ferreira Junior, em Sexo e autobiografia em Rousseau: uma peça de comparação para o estudo do coração humano, examina o papel da narrativa da experiência sexual nas Confissões, mostrando como a autobiografia integra a reflexão rousseauniana sobre o ser humano, a imaginação e a diferença sexual.

Na sequência, o dossiê temático Rousseau en Diálogos Iberoamericanos I: Perspectivas filosóficas, organizado por Vera Waksman e Luciano da Silva Façanha, reúne dois artigos que exploram a recepção e a circulação do pensamento rousseauniano em contextos ibero-americanos. Gabriela Paula Lupiañez, em Ecos rousseaunianos en las Provincias Unidas del Río de la Plata en tiempos revolucionarios, analisa o uso da noção de vontade geral na experiência política de Tucumán entre 1810 e 1813, destacando a circulação da linguagem republicana e a apropriação de conceitos rousseaunianos pelas elites locais. Já Yanet del Socorro Valverde Riascos e Oscar Olmedo Valverde Riascos, em Fundamentos psicológicos y pedagógicos presentes en las obras de Rousseau, examinam, por meio de uma análise hermenêutica, as contribuições de Rousseau para a psicologia do desenvolvimento e para a pedagogia moderna, com ênfase nos princípios da educação natural presentes no Emílio.

O dossiê temático Rousseau, Kant e Diálogos, organizado por Luciano da Silva Façanha, Zilmara de Jesus Viana de Carvalho, Bárbara Rodrigues Barbosa, Maria Constança Peres Pissarra, Jacira de Freitas e Maria do Socorro Gonçalves da Costa, concentra sete artigos que aprofundam diferentes dimensões do diálogo entre filosofia, estética, política e linguagem. Manoel Dionizio Neto, em A questão da natureza na Júlia ou a Nova Heloísa, analisa os múltiplos sentidos da natureza na obra epistolar de Rousseau, articulando-os às tensões entre convenção social, afetividade e diferenças entre os sexos. Maria de Lourdes Dionizio Santos, no artigo Liricidade na linguagem d’Os devaneios do caminhante solitário, evidencia a dimensão poética da prosa rousseauniana, ressaltando o conflito entre sujeito e sociedade, a introspecção e a contemplação da natureza. Kathia Salomão, em Concepções musicais de Rousseau em Noções de música de Antonio Rayol (1902), investiga a apropriação das ideias musicais de Rousseau em um manual escolar maranhense, destacando o diálogo estético estabelecido no texto prefacial da obra. Antonio Basilio Novaes Thomaz de Menezes, em Considerações para uma leitura constelar da liberdade em Rousseau, propõe uma leitura experimental da ideia de liberdade a partir da noção benjaminiana de constelação, ressaltando o caráter polissêmico e paradoxal do pensamento rousseauniano. Ronzelene Nazaré Souza de Lima, em Compaixão e vontade geral em Rousseau, articula o sentimento natural de compaixão à unidade racional da vontade geral, refletindo sobre a passagem do isolamento à vida comunitária. Konrad Utz, no artigo Breves considerações sobre racismo e dignidade humana em Kant, analisa criticamente a coexistência entre o racismo empírico presente em alguns escritos de Kant e o universalismo moral de sua filosofia prática, defendendo a coerência ética do humanismo transcendental kantiano. Por fim, Carolina Miranda Sena, em O gosto como uma espécie de sensus communis, discute o papel do sensus communis na Crítica da faculdade de julgar, enfatizando sua função na fundamentação da universalidade do juízo de gosto e na constituição de uma comunidade de comunicabilidade.

A seção Área Livre reúne três estudos voltados à literatura e à filosofia política. Amanda Monteiro do Nascimento e Naiara Sales Araujo Santos, em A utilização do fantástico como ferramenta de reflexão social em Lygia Fagundes Telles, analisam o conto O jardim selvagem, mostrando como o insólito intensifica a crítica às convenções sociais. Michel Augusto Carvalho da Silva e Luizir de Oliveira, no artigo Crise da experiência e melancolia em Aos 7 e aos 40, de João Anzanello Carrascoza, examinam a melancolia a partir da fragmentação da experiência e da narrativa contemporânea, à luz de Walter Benjamin e outros autores. Em L’illusion du réalisme: erreurs fondamentales dans l’œuvre de Machiavel, Thiago Barbosa Soares propõe uma leitura crítica da filosofia política maquiaveliana, questionando sua pretensão realista e apontando rupturas com a tradição ética clássica e cristã.

Encerrando o número, a seção Poesias/Poemas apresenta No Picadeiro do Destino, de Marcelo Calderari Miguel, poema que utiliza a metáfora do circo para refletir sobre as contradições da existência, articulando imagens de espetáculo, resistência e coletividade, e convidando o leitor a reconhecer a possibilidade de esperança e renascimento mesmo diante das adversidades.

Com este conjunto de textos, a Revista Iluminus oferece ao leitor um número denso e articulado, que evidencia a vitalidade dos estudos filosóficos, literários e estéticos, bem como a atualidade dos diálogos entre o Iluminismo e os desafios do pensamento contemporâneo. Trata-se de uma edição que convida à leitura atenta e à reflexão crítica, reafirmando o papel da revista como espaço de circulação de pesquisas comprometidas com o rigor acadêmico e a pluralidade intelectual.

 

Organizadores do Dossiê Rousseau en Diálogos Iberoamericanos I: Perspectivas filosóficas 

Vera Waksman

Luciano da Silva Façanha

 

Organizadores do Dossiê Rousseau, Kant & Diálogos

Luciano da Silva Façanha

Zilmara de Jesus Viana de Carvalho

Barbara Rodrigues Barbosa

Maria Constança Peres Pissarra

Jacira de Freitas

Maria do Socorro Gonçalves da Costa

 

Os Editores 

Luciano da Silva Façanha 

Flávio Luiz de Castro Freitas 

Zilmara de Jesus Viana de Carvalho

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Publicado

2025-12-16

Como Citar

da Silva Façanha, L., de Castro Freitas, F. L., Viana de Carvalho, Z. de J., Waksman, V. ., Rodrigues Barbosa, B., Peres Pissarra, M. C., de Freitas, J. ., & Gonçalves da Costa, M. do S. . (2025). Editorial Revista Iluminus v. 2, n. 2, jul./dez. 2025. Revista Iluminus, 2(2), 1–3. Recuperado de https://cajapio.ufma.br/index.php/iluminus/article/view/28347

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