Liricidade na linguagem d’Os devaneios do caminhante solitário, de Jean-Jacques Rousseau
Palavras-chave:
Os devaneios do caminhante solitário, Jean-Jacques Rousseau, Liricidade, Prosa poéticaResumo
Trata-se de uma leitura sobre a liricidade presente n’Os devaneios do caminhante solitário, de Jean-Jacques Rousseau, partindo do pressuposto de que a poesia é inerente à linguagem da referida obra. À maneira do que observamos no comportamento do indivíduo representado no Movimento Literário do Romantismo, percebemos, na atitude do sujeito poético - o caminhante solitário, uma fuga da sociedade, bem como seu isolamento na natureza, numa demonstração do conflito estabelecido entre o sujeito e o mundo. Nessa perspectiva, voltado para o seu interior, no desejo de autodescoberta, o indivíduo enfrenta o desconhecido e suplanta os obstáculos que impedem sua formação. Temos, dessa forma, uma imersão do eu em sua vida interior, e sua recusa em aceitar a realidade, visto que o narrador-personagem confessa que suas caminhadas são o único instante em que ele se encontra consigo mesmo – espaço-tempo privilegiado cuja solidão lhe propicia ser ele mesmo, através de suas meditações, quando se convence de que a felicidade não depende de homens. Com base nisso, em cada caminhada constatamos a liricidade da obra, conferida no entusiasmo do caminhante solitário, do mesmo modo que é possível acompanhar os devaneios deste, na contemplação da paisagem, à medida que percorre o espaço. Assim sendo, a descrição detalhada da natureza potencializa o alto teor imagético que configura a poética existente na prosa rousseauniana. À procura da poesia que abriga a essência e a verdade, o espaço torna-se o lugar da descoberta, escavada no caminho trilhado pelo personagem.
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