Considerações para uma leitura constelar da liberdade em Rousseau

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Palavras-chave:

Experimento, Leitura, Constelar, Liberdade, Rousseau

Resumo

Este ensaio constitui um experimento mental de aproximação entre a leitura de Rousseau, em específico da ideia de liberdade, e a noção de constelação, a partir dos aportes de Walter Benjamin na “Origem do Drama Barroco Alemão” em torno da discussão do estatuto do conhecimento naquilo que diz respeito às ideias formarem “uma multiplicidade irredutível” (Benjamin, 1984; p. 65). Elaborado no contexto da natureza das ideias e da exposição dos conceitos, o ensaio tem por objeto o caráter polissêmico da ideia de liberdade em Rousseau e suas variações nas obras: Discours sur l’origine et les fondements de l’inegalité parmi les hommmes (Rousseau, 1964a), Du Contrat Social (Rousseau, 1964b) e Émile (Rousseau, 1969); bem como sua explicitação numa interpretação alternativa das diferentes acepções no quadro de entendimento dos seus epitomes. A proposta de uma leitura constelar se configura no experimento mental de análise da concepção de liberdade no conjunto restrito das obras, o qual circunscreve na literatura especializada aquilo que Grosrichard (1967, p. 43) denomina “obra de reação”. Esta última caracterizada como uma provocação em si mesma, que se encontra na ordem do próprio pensamento; ou ainda, na compreensão limite do autor como “um homem de paradoxos” (Rousseau, 1964e, p.230-236; 1969, p.323) assinalada em dois contextos diferentes. As-sim, é no quadro geral da compreensão dos aspectos relevantes da tradição ensaística de Rousseau como “homem de letras” (Bouvier, 1912), que pode ser encontrada uma compreensão espectral para sua literatura na condição própria da linguagem e do limite inultrapassável da língua pelo pensamento. O que se faz presente em diferentes escritos, a exemplo da sua preocupação com o método em Idée de la méthode dans la composition d’um livre (Rousse-au,1964c), no qual descreve a si mesmo o fazer do escritor limitado a condição das palavras, num diálogo permanente com o leitor, não apenas em torno da forma de argumentação, mas principalmente como um esforço de explicitação das ideias que se encontram na ordem das ambiguidades da linguagem e do pensamento, no caráter paradoxal da sua obra.

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Referências

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Publicado

2025-12-16

Como Citar

Novaes Thomaz de Menezes, A. B. . (2025). Considerações para uma leitura constelar da liberdade em Rousseau. Revista Iluminus, 2(2), 1–19. Recuperado de https://cajapio.ufma.br/index.php/iluminus/article/view/28358

Edição

Seção

Artigos Dossiê temático: Rousseau, Kant e Diálogos