Kwanissa: Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros

Reminiscências africanas no tocantins: um estudo a partir da geografia cultural

Valdir Aquino Zitzke, Vanderson Pereira de Carvalho — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

As festas religiosas populares mobilizam e resgatam lembranças e emoções e recriam algo que ficou na memória coletiva, se tornando ferramentas valiosas para guardar essa memória. Este artigo tem como objetivo analisar a dança da sucia, dos congos, das taieiras e dos tambores nas festas católicas enquanto reminiscências africanas no estado do Tocantins, mais especificamente, no território eclesiástico da Diocese de Porto Nacional. Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico e se justifica por evidenciar a importância cultural da população negra no estado e que está presente nos eventos festivos e religiosos, valorizando a sua origem africana. Concluímos que, no estado do Tocantins, as memórias africanas não sofreram, de todo, um esquecimento, mas se perpetuam nas festas religiosas, num hibridismo cultural que propicia outras pesquisas.

A seletividade do sistema penal entre pessoas de cores e classes sociais diferentes

Alexandre Jacob, Ana Caroline Pimentel Prates — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

Trata da seletividade do sistema penal entre pessoas de cores e classes sociais diferentes. Analisa como se dá o processo de seletividade do sistema penal brasileiro. A partir de um estudo dos desdobramentos do racismo que estrutura a sociedade brasileira, conceitua racismo estrutural, marcadores sociais das diferenças e seletividade penal. Avalia a formação da sociedade brasileira e da população carcerária e consequentemente a construção do estereótipo do negro pobre como criminoso, tendo o racismo enquanto elemento constitutivo da lei penal e tornando a raça um fator determinante no momento da sua execução. Identifica características da seletividade penal na mídia na informação dos fatos criminosos. Conclui que o racismo estrutural e os marcadores sociais das diferenças são demonstrados na seletividade penal e que o racismo é elemento constitutivo do Direito Penal.

O uso das biografias de intelectuais negras e negros no ensino de História de acordo com a lei nº 10.639/2003

Kelly Chaves Tavares — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

As análises que constituem este artigo possuem como objetivo discutir acerca da possibilidade da introdução da biografia como metodologia a ser utilizada pelos professores no ensino de história. Especificamente, o artigo propõe discutir a respeito do uso das biografias de intelectuais negras e negros como ferramenta para o ensino e aprendizagem da História da África e da Cultura Afro-brasileira, tendo como parâmetro a legislação educacional nº 10.639, promulgada em 9 de janeiro de 2003, que prevê a inclusão no currículo oficial da rede de ensino, a obrigatoriedade do ensino da temática “História e Cultura Afro-brasileira”. A biografia reconhecida como práxis historiográfica viria a ocorrer durante o movimento de renovação teórica e metodológica da ciência histórica no século XX, no qual o gênero tornou-se reabilitado como forma legítima de interpretação do passado, além de converter-se em ferramenta poderosa no ensino e aprendizagem escolar, cujas razões foram devidamente justificadas neste artigo, onde nós sugerimos as possibilidades de uso das biografias de três intelectuais negras e negros no ensino de história, de acordo com as exigências curriculares da lei nº 10.639/2003, que prevê a obrigatoriedade do ensino de História da Cultura Afro-brasileira na rede oficial de ensino do Brasil.

A beleza negra: ações de valorização da cultura afro-brasileira em uma escola pública municipal

Lucas Silva Pires — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

O objetivo deste artigo foi indicar a valorização da cultura afro-brasileira, a partir de ações didático-pedagógicas em uma escola pública municipal denominada Hélio Frota Lima. Trata-se de uma ação que foi realizada com alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio com 20 professores e 300 estudantes para a confecção de objetos culturais das artes negras, a importância da dança na formação cultural brasileira. Para a operacionalização da pesquisa, houve uma mobilização do corpo docente e estudantes, na confecção de materiais que refletiram positivamente na importância da cultura como parte indissociável da formação cultural brasileira. Os resultados foram a amostra de danças e objetos de artes da cultura negra. Por conseguinte, foi realizada a exposição desses objetos, bem como a apresentação em forma de danças. Os resultados indicaram que, o trabalho nessa perspectiva, contribui para o fortalecimento etnocultural conforme a legislação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

“Luuanda” e as vozes dos musseques: política, oralidade e resistência nos contos de Luandino Vieira

Luiz Guilherme Melo de Souza, Rita do Perpétuo Socorro Barbosa de Oliveira — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

O objetivo deste artigo é analisar a obra “Luuanda”, do escritor luso-angolano José Luandino Vieira, sob o ponto de vista da combinação entre a língua portuguesa e a língua quimbundo, bem como o significado literário decorrente dessa fusão nos três contos (ou três “estórias”) que compõe a publicação. O escritor faz com que a estrutura dos textos (construções frasais, sintáticas e lexicais) se aproxime do falar angolano e, assim, dá voz aos excluídos que vivem nos musseques (como são chamados os bairros empobrecidos de Angola), onde moram aqueles que foram forçados a ficar à margem da sociedade por conta de uma política colonial repressora e excludente. A fundamentação teórica consiste no entendimento de Fernando Mourão (1978) sobre a periodização da literatura de Angola e do estudo de Tânia Macedo (1992) sobre o “pretoguês”, complementada por ideias de Antonio Candido (2000) e Rogério Guimarães (2009).

A negação do outro e a clínica psicanalítica eurocentrada

Camila de Freitas Moraes, Roseane Torres de Madeiro — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

Este artigo propõe um diálogo entre a clínica psicanalítica e o racismo, abordando os aspectos sócio-históricos da escravização colonial e imperial que ainda se perfaz na contemporaneidade, e considerando a clínica psicanalítica como um lugar que não foge a essa estruturação colonial, sobretudo, no Brasil. Se a clínica psicanalítica se propõe a escutar as marcas, histórias e narrativas intrínsecas à existência do sujeito, então, o que se faz quando o racismo está em cena? Nesse sentindo, a partir desse questionamento, pensadores como Ilsidinha Nogueira (1998), Frantz Fanon (2008), Aimé Césaire (1978), Aníbal Quijano (2005), dentre outros, serão utilizados metodologicamente a fim de explicitar como as experiências históricas da escravização, impactam as estruturas sociais e os aspectos inconscientes da psique do corpo negro. A conclusão deste, aponta para a necessidade de uma atuação da Psicanálise e do fazer do analista que transcenda o âmbito individual e se expanda para o campo político, histórico e social, a fim de lidar com as complexidades do racismo estrutural e suas repercussões na saúde mental dos indivíduos afetados.

Pensando as imagens de controle pelas perspectivas de docentes negras

Danielle Cristina dos Santos Pereira, Raimunda Nonata da Silva Machado — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

Este estudo ressalta o protagonismo negro na luta por uma educação digna, destacando a trajetória de professoras negras na educação superior. Parte dos conceitos de imagem de controle (Collins, 2019), representação (HALL, 2016) e Afrocentricidade (Nascimento, 2020) com o objetivo de analisar a produção de imagens emancipatórias e afrocentradas, no contexto das representações de mulheres negras, como estratégias de (re)existências às imagens de controle, tendo em vista, dentre outros fenômenos sociais, os seus efeitos nas vivências de docentes universitárias negras. Caracteriza-se como uma pesquisa de abordagem qualitativa com uso de levantamento bibliográfico e faz uso de um aporte teórico que prioriza produções de intelectuais negros e negras. Tem como universo de estudo o Catálogo de Teses e Dissertações do Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), garimpando e analisando as produções que foram realizadas após a promulgação da Lei Federal nº 12.990, de 9 de junho de 2014, que integra o conjunto de ações afirmativas inerentes à inserção de negras/os nos serviços públicos federais. Os resultados mostraram que a trajetória acadêmica de professoras negras é atravessada por intersecções de opressões e suas estratégias de resistência são refletidas em suas produções intelectuais e em seus fazeres docentes, demonstrando a relevância do referido dispositivo legal. Conclui-se que essas mulheres criam aquilombamentos acadêmicos que fortalecem os diálogos e a luta por políticas públicas endereçadas ao enfrentamento das desigualdades sociais e raciais dentro e fora do ensino superior.

Aquilombamento na educação física escolar: limites e possibilidades por meio de gingas e mandingas na Capoeira

sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

Esta pesquisa narrativa tem o objetivo de analisar a experiência com a prática cultural da Capoeira nas aulas de Educação Física realizadas com uma turma de sexto ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública de Porto Alegre/RS. O estudo faz parte de uma pesquisa-ação participante que intencionou aulas de Educação Física inspiradas nos pressupostos da decolonialidade e da interculturalidade. Suleados(as) pelas noções de quilombo e aquilombamento, de acordo com Beatriz Nascimento (2006a; 2006b; 2018), a professora e os estudantes da escola atravessaram o conteúdo da Capoeira cunhando (ou inventando) outras formas de experienciar e conceber a própria Educação Física escolar. Nas aulas buscou-se atenuar o afastamento entre as concepções de corpo e mente, dialogar com saberes, conhecimentos, culturas, saberes-fazeres menos eurocentrados, aproximando-se das culturas e dos modos de vida africanos e afro-brasileiros.

Autobiografia e dizeres da vida de uma mulher negra

Bernardo Almeida Rocha — sáb, 03 mai 2025 00:00:00 -0300

Este trabalho teve como objetivo resenhar o livro “Cartas para a minha avó” da filósofa Djamila Ribeiro. A obra, escrita em forma de autobiografia, são relatos de momentos vividos pela autora em diversas fases da vida dela e, nessas cartas imaginárias direcionadas a avó Antônia, ela relata e apresenta vários temas como Feminismo Negro; Racismo e as Desigualdades Sociais. Recomenda-se esta obra para toda a comunidade em geral, especialmente para pessoas que se interessam pela temática em questão.