Revista Brasileira de História das Religiões https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr <p>A Revista Brasileira de História das Religiões (RBHR) é uma publicação sediada no Programa de Pós-Graduação em História e Conexões Atlânticas (PPGHis) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e vinculada ao GT de História das Religiões e Religiosidades (GTHRR) da Associação Nacional de História (ANPUH).</p> <p>A RBHR publica textos originais de temáticas vinculadas à história das religiões, prezando pelo diálogo com as diversas áreas do saber, como Sociologia, Antropologia, Teologia, Filosofia, Geografia e Literatura, entre outras.</p> <p>ISSN 1983-2850</p> <p>Periodicidade: Quadrimestral</p> <p><strong>Qualis/CAPES (2017-2020): A2</strong></p> Universidade Federal do Maranhão pt-BR Revista Brasileira de História das Religiões 1983-2850 A demonologia de Peter Binsfeld exemplificada nos casos fenomenológicos nas obras de Allan Kardec https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/23237 <p>Em 1589 o teólogo e bispo alemão Peter Binsfeld estabeleceu uma estrutura hierárquica de demônios com poderes que conduziriam os homens a praticarem os sete pecados capitais, associando cada demônio a um pecado específico: Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mamon (avareza ou ganância), Belfegor (preguiça), Azazel (ira), Leviatã (inveja) e Lúcifer (soberba ou Orgulho). O objetivo deste artigo é apresentar um estudo de classificação de diversos casos fenomenológicos descritos nas obras de Allan Kardec, segundo tal hierarquia. A partir de uma leitura minuciosa das obras da Codificação Espírita em conjunto com os doze volumes da Revista Espírita de Allan Kardec, classificamos cada um dos casos estudados dentro da estrutura demonológica de Binsfeld. O estudo mostra que, ainda que os conceitos de demônio e pecado sejam distintos para o Espiritismo em relação as tradições cristãs clássicas, todos os casos abordados por Allan Kardec se encaixam na estrutura proposta por Binsfeld.</p> Marcelo de Paula Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 18 10.18764/1983-2850v18n52e23237 O clero regalista e o justo meio moderado na província de Minas Gerais (1831-1835) https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/24699 <p>O presente artigo analisa o protagonismo do clero regalista no âmbito do grupo político liberal <em>moderado</em>, que conduziu a dinâmica estrutural do Estado nacional brasileiro ao longo da primeira metade da década de 1830. Em linhas gerais, tem-se em vista tanto a atuação burocrática quanto a ação intelectual de um clero historicamente situado entre as diretrizes oficiais do catolicismo, os compromissos seculares do Estado, o cotidiano de suas paróquias e as distintas matrizes doutrinárias e filosóficas do mundo euro-americano. Busca-se ainda refletir sobre a relevância do conceito de justo meio para as críticas e proposições moderadas sobre a arquitetura institucional do Império brasileiro e os valores que deveriam nortear aquela sociedade. Por fim, destaca-se a tendência regalista e liberal que os padres José Bento Ferreira Leite de Melo e José Ribeiro Bhering desenvolveram na imprensa da província de Minas Gerais.</p> Gabriel Oliveira Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 17 10.18764/1983-2850v18n52e24699 Magia, feminilidade e alteridade: uma síntese sobre a figura das profetisas nórdicas nas fontes escandinavas medievais https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25308 <p>As fontes literárias da Escandinávia Medieval deixaram diversos de seus registros e impressões sobre certas práticas mágicas e aqueles que a praticavam. Dentre tais descrições figuram uma série de profetisas chamadas vǫlur (no singular, vǫlva), a quem os narradores medievais atribuíam poderes relacionados à divinação e à magia ofensiva causadora de dano. Pretendemos nos debruçar sobre as fontes medievais para realizar um balanço crítico, chegando a uma síntese a respeito de como essas profetisas eram percebidas pela mentalidade escandinava medieval. Nos apoiando na perspectiva da História do Discurso Mágico, visamos apontar não apenas quais os poderes sobrenaturais atribuídos a elas nas fontes, mas também evidenciar que a prática da magia parece ter estado associada à feminilidade e alteridade, uma vez que essas mulheres são frequentemente associadas a outras etnias da região e inclusive à própria raça dos gigantes. Isso nos revela que a magia era tida como uma forma alternativa e marginalizada de se conquistar certos objetivos e/ou obter vantagens, sobretudo no meio campesino nórdico.</p> Victor Hugo Sampaio Alves Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 16 10.18764/1983-2850v18n52e25308 Igreja Católica e Primeira Guerra Mundial: o caso dos frades alemães da Província de Santo Antônio em Pernambuco (1915-1918) https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25468 <p style="font-weight: 400;">O presente artigo busca analisar uma série de conflitos ocorridos entre os anos de 1915 e 1918, envolvendo os frades alemães estabelecidos na Província de Santo Antônio em Pernambuco. Mobilizações contra esses religiosos surgiram no Recife e na cidade de Pesqueira, no agreste de Pernambuco, sendo resultado direto do envolvimento do Brasil nas questões da Primeira Guerra Mundial. Advindos, na sua maioria, da Saxônia, província da Alemanha, esses frades haviam chegado ao Brasil, em fins do século XIX e início do XX, com a missão de auxiliar a Igreja Católica em suas ações evangelizadoras. No entanto, a vida destes religiosos se transformou radicalmente com o início da guerra e, principalmente, após o episódio de abril de 1917, quando o navio brasileiro “Paraná” foi torpedeado por submarinos alemães na costa da França, resultando na morte de três tripulantes brasileiros, e a consequente ruptura da neutralidade do Brasil e sua entrada na guerra em outubro de 1917. A partir de então, estes religiosos alemães passaram a ser vistos com desconfianças, a sofrer ameaças e a enfrentar sérias oposições por parte tanto dos setores civis, incluindo aqui também católicos, quanto da própria burocracia estatal. A partir da análise de diversas fontes, como jornais, relatórios dos conventos, registro policial e livros de crônicas, foi possível perceber o crescimento do sentimento antigermânico direcionado aos frades franciscanos. Os conflitos ocorridos naqueles anos tiveram a intervenção do arcebispo Dom Sebastião Leme que buscou proteger esses religiosos da fúria popular e acalmar os ânimos entre os católicos.</p> Dirceu Marroquim Gabriella Chalegre Alves Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 16 10.18764/1983-2850v18n52e25468 Santo Daime: uma miscelânea religiosa cabocla, afro-ameríndia e cristã https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25541 <p>O artigo tem como premissa apontar os elementos que fazem do Santo Daime esta grande miscelânea<br />de elementos do xamanismo, do catolicismo, do espiritismo e de elementos afro-brasileiros que reverberam das matas da Amazônia para o mundo e que atraem pessoas dos mais diversos extratos sociais e visões de mundo para os seus rituais com a finalidade de buscar a cura para as doenças do corpo e da alma, de integração com os elementos da natureza ou até mesmo de sua posição ser-estar no mundo. Para tanto, e pelo fato de este ser o ponto<br />de partida de uma pesquisa mais ampla nas comunidades do Santo Daime na Amazônia, foi feita uma pesquisa bibliográfica que procura falar desde os elementos que constituem os rituais xamâmicos até o seu processo histórico de consolidação, pois mesmo tendo origens milenares e ligado aos povos da floresta, esta visão somente ganha corpo e força apenas em meados do século XX, com a chegada de estudos e pesquisas sobre as religiões dos povos<br />ribeirinhos da Amazônia e com a sua expansão a partir dos anos 1970, ao sair do Acre e ganhar corpo em outras comunidades da região amazônica e, a partir das suas variações, ganhar espaço em várias cidades do Brasil como o estudo se propôs a investigar.</p> Denilson Marques dos Santos Taissa Tavernard de Luca Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 9 10.18764/1983-2850v18n52e25541 “Voltando aos seios da Igreja Católica”: as abjurações e o discurso antiprotestante na imprensa de Alagoas e Pernambuco (1902-1908) https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25603 <p align="justify">Este artigo analisa alguns aspectos das transformações no cenário religioso brasileiro após a Proclamação da República em 1889, que marcou o fim do Padroado Régio e o surgimento de um Estado não confessional. Nesse contexto de pluralidade religiosa, a Igreja Católica adotou estratégias para conter a expansão do protestantismo e reforçar sua predominância social, com destaque para o uso da imprensa como meio de disseminação de discursos antiprotestantes. Entre essas estratégias, as abjurações – cerimônias públicas nas quais protestantes renunciavam à sua fé e retornavam ao catolicismo – emergiram como instrumentos de propaganda religiosa. O estudo investiga as representações dessas abjurações na imprensa de Pernambuco e Alagoas entre 1902 e 1908, analisando como essas cerimônias foram utilizadas para reafirmar a legitimidade da Igreja Católica e desqualificar o protestantismo. Inserida no campo da História Cultural, a pesquisa fundamenta-se em conceitos como Representação (Chartier, 1990), drama e liminaridade (Turner, 2008) e Poder Simbólico (Bourdieu, 2007). A metodologia adotada dialoga com a análise qualitativa documental e análise discursiva (Orlandi, 2005; Foucault, 1996), com foco de como a imprensa católica e secular construiu e difundiu narrativas de poder e identidade religiosa. A relevância deste estudo reside em compreender como estratégias discursivas contribuíram para o fortalecimento da hegemonia católica, além de fornecer indicações sobre as disputas religiosas no Brasil e as dinâmicas de construção de identidades no espaço público.</p> Paulo Julião da Silva César Leandro Santos Gomes Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 18 10.18764/1983-2850v18n52e25603 Entre o espiritual e o temporal: os jesuítas e as terras dos “pagodes” nas Ilhas de Goa (século XVI) https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25710 <p>O objetivo do artigo é analisar a relação dos jesuítas com as terras das Ilhas de Goa no século XVI, especificamente as terras anteriormente destinadas aos templos não-cristãos (chamados de "pagodes" pelos portugueses). O foco deste artigo consiste nessas terras que, por meio de mercês régias, foram transferidas para o Colégio de São Paulo de Goa, importante instituição que funcionava com centro das atividades dos jesuítas na Ásia. Uma das contribuições do artigo é analisar o papel dos reitores e procuradores do Colégio de São Paulo de Goa na administração das terras – agentes da Companhia de Jesus que tendem a ser menos investigados pela historiografia. O estudo baseia-se na análise de fontes preservadas em arquivos de Portugal, Índia, Itália e Brasil, por meio da análise semiológica dos discursos. Pretende-se demonstrar que a transferência das rendas dos pagodes para o Colégio de São Paulo decorreu da intervenção de diferentes atores sociais. &nbsp;Adicionalmente, aborda-se como questões espirituais e temporais se entrelaçavam na administração das terras pelos jesuítas em Goa.</p> Patricia Souza de Faria Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 21 10.18764/1983-2850v18n52e25710 Tradicionalismo católico e o fundamentalismo religioso: estudo dos casos da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney e o Centro Dom Bosco https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25805 <p>Com base em conceitos e argumentos de Berger e Zijderveld (2012) sobre o fundamentalismo, esse artigo busca avaliar em que medida os “tradicionalistas católicos” podem ser considerados como fundamentalistas. Definindo tradicionalistas católicos como aqueles que dão preferência à Missa Tridentina rejeitando várias novidades do Vaticano II, os autores deste artigo apresentam um breve panorama desses grupos existentes no Brasil. Devido à quantidade e diversidade de grupos, apenas dois grupos são analisado: a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney e o Centro Dom Bosco de Fé e Política (CDB). Com perfis e histórias bem distintas, esses dois grupos foram escolhidos, tanto por suas diferenças, como por terem surgido no Brasil. A partir de informações divulgadas por cada grupo em redes sociais e sites na internet e também com base em dados coletados em trabalhos realizados por outros pesquisadores, os autores identificam caraterísticas que aproximam esses grupos do chamado fundamentalismo. Destacam-se, entre essas, o grau de rejeição ao mundo contemporâneo, práticas e discursos intolerantes em relação ao diferente, incluindo àqueles de sua mesma religião. O texto sublinha ainda outras características do fundamentalismo, como discursos políticos em estilo agressivo e bélico, além do uso da internet como meio de divulgação e seu crescimento entre jovens, que são mais evidentes no CDB. Conclui-se, assim, que o CDB tende a ter mais proximidade com os diversos fundamentalismos religiosos contemporâneos do que a Administração Apostólica, que se tornou mais moderada com os anos. </p> Julio César de Paula Ribeiro Cecília Mariz Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 19 10.18764/1983-2850v18n52e25805 Usos da memória no movimento espírita cearense: a disputa pelos eventos fundadores entre as federativas FEEC e USEECE, séculos XX e XXI https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25864 <p>Este artigo tem por objetivo a análise do processo de disputas de memória no movimento espírita cearense, envolvendo produções intelectuais das duas federativas atuantes a partir da década de 1990. Especificamente, o estudo vislumbra uma disputa pelos marcos originais do movimento federativo cearense nas duas entidades - Federação Espírita do Estado do Ceará (1990) e União das Sociedades Espíritas do Estado do Ceará (1993) - a partir das construções memorialísticas de ambas, tomando como referenciais temporais distintos as fundações do Centro Espírita Cearense (1910) e do Grupo Espírita Auxiliadores do Pobres 1928), respectivamente, em suas produções de caráter memorial-histórico publicadas em livros, revistas, sites e canais da internet. Discute-se as recomposições, ou trabalhos de enquadramento das memórias dos grupos em seus projetos identitários e de legitimação política no movimento espírita local e nacional.</p> Marcos José Diniz Silva Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 17 10.18764/1983-2850v18n52e25864 Memórias Missionárias de Dom Luiz Fernando Pessoa em Moçambique https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25955 Jefferson Silva Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 6 10.18764/1983-2850v18n52e25955 A África como centro intelectual do Cristianismo na Antiguidade Tardia: o Egito do séc. IV https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/26057 <p>O Egito antigo é geralmente conhecido por conta do período faraônico, mas o que poucos sabem é que, ainda na Antiguidade, esse país situado na África foi o centro intelectual do cristianismo. Durante o séc. IV, o Egito foi palco de algumas das mais importantes controvérsias religiosas e de discussões que moldaram dogmas importantíssimos para o cristianismo, como o da divindade de Jesus, além de ter sido o local de atuação de Atanásio, um dos mais significativos teólogos dos primeiros séculos. Além disso, o Egito testemunhou o nascimento e desenvolvimento do monasticismo, uma realidade fundamental para o cristianismo medieval e que, mais tarde, a partir de Bento de Núrsia, serviu como modelador do Ocidente. Foi a partir, portanto, do Egito, na África, que algumas das mais importantes realidades do cristianismo e do Ocidente nasceram e se consolidaram. Esse artigo demonstra como o Egito foi o centro intelectual do cristianismo no séc. IV, com suas discussões teológicas de vanguarda e o surgimento do monasticismo.</p> Julio Cesar Dias Chaves Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 15 10.18764/1983-2850v18n52e26057 O cristianismo em Axum em perspectiva global: os casos de Frumêncio e Ezana https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25970 <p>Axum consistiu num reino situado no nordeste africano, na região do Chifre da África. Devida à expansão militar anterior, Axum detinha acesso ao litoral banhado pelo Mar Vermelho no século IV. Em 334, o <em>negus </em>axumita Ezana foi convertido por ação de Frumêncio, cristão sírio estabelecido em Axum. Este artigo se detém na análise dos dois documentos textuais de autores contemporâneos a Ezana e Frumêncio e que os mencionaram: a <em>História Eclesiástica</em>, escrita por Rufino de Aquileia, e a <em>Apologia ao imperador Constâncio</em>, produzida por Atanásio de Alexandria. O objetivo consiste em avaliar as referências à inserção de Axum em circuitos econômicos, políticos, religiosos e diplomáticos globais nas passagens com referências a Frumêncio e Ezana. Para tanto, adota-se a abordagem da História Global, baseada no enfoque nas formas de integração. O estudo dos dois documentos à luz do contexto identificou que a conversão de Ezana e a atuação de Frumêncio estavam relacionadas à integração de Axum aos circuitos mercantis cristãos. Também se constatou que a adesão ao cristianismo desencadeou a mobilização de Axum nas disputas político-clericais que vinham desde o Império Romano e que repercutiam nas redes diplomáticas.</p> Bruno Uchoa Borgongino Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 17 10.18764/1983-2850v18n52e25970 Vida e Morte no Império de Sombras Português: encomendar as Almas em Ano-Bom e no Haiti https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25906 <p>Este artigo introduz um novo conceito metodológico ao estudo da religiosidade negra no espaço atlântico, o do “Império de Sombras Português”. Cunhado pela primeira vez em 1991 pelo historiador George Winius, o conceito alude a comunidades indígenas e/ou mestiças que, seja na periferia ou para além dos limites do aparato administrativo efetivo de Portugal, desenvolveram uma nova identidade cultural-religiosa de acordo com um modelo português, mas de uma forma que envolveu a modificação e reinterpretação crítica de elementos portugueses. Como suas identidades complexas não correspondem aos tradicionais modelos pós-coloniais de análise, elas permaneceram amplamente esquecidas nos estudos sobre a resposta indígena ao colonialismo, imperialismo e escravidão. Para ilustrar como esse conceito pode nos permitir abordar expressões de religiosidade negra de uma nova perspectiva, o artigo se concentrará na ilha atlântica de Ano-Bom e, a partir daí, traçará um paralelo com o Haiti. Argumentará que comunidades no “Império de Sombas”, como as de Ano-Bom, fornecem uma visão única sobre a formação da identidade luso-africana. Isso torna Ano-Bom um lugar único para entender e identificar luso-africanismos na diáspora e, subsequentemente, uma chave para desvendar complexas tradições culturais de comunidades negras nas Américas. Esta nova abordagem será exemplificada por comparar dois rituais da Quaresma: a tradição portuguesa e annobonensa da “encomendação das almas” e a tradição haitiana do “Rara.” Estudar o Rara em paralelo à encomendação das almas permitirá uma melhor compreensão desta tradição e seus rituais.</p> Jeroen Dewulf Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 15 10.18764/1983-2850v18n52e25906 Religiões em Estados tradicionais da África negra entre os séculos XIX e XX: o caso do Islã e do cristianismo no Reino de Bamum (Camarões Ocidental) https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/26031 <p>Entre os séculos XIX e XX, o Reino de Bamum foi palco de revoltas políticas e socioculturais. Religiões importadas, como o Islã e o cristianismo, chegaram a essa monarquia de Grassfields, onde as religiões tradicionais eram praticadas há vários séculos. O objetivo deste artigo é apresentar e analisar o estabelecimento e a evolução das religiões importadas nesse reino tradicional. Por exemplo, quando e como o Islã e o cristianismo se tornaram religiões de massa no Reino de Bamum, onde as pessoas já praticavam religiões tradicionais? Para responder a essa pergunta, recorremos a fontes orais, escritas, iconográficas e digitais. Usando uma abordagem diacrônica, sincrônica e comparativa, descobrimos que a história das religiões importadas para o país de Bamum remonta ao século XIX. Foi após a intervenção da cavalaria Fulani de Lamido Oumarou de Banyo na guerra civil no país de Bamum em 1896 que o rei Njoya decidiu adotar o Islã. O estabelecimento do cristianismo estava ligado à intrusão europeia. Missionários protestantes e católicos se estabeleceram em Foumban no final do século XIX e início do século XX. Porém, com a liberalização dos anos 90, o advento dos Novos Movimentos Religiosos (NMR) veio à tona. De qualquer forma, no Reino de Bamum, foi feita uma distinção entre as correntes mais recentes do Islã, ou seja, o <em>sunnismo</em> (e, sobretudo, o <em>wahhabismo</em>) e o xiismo, que estão se desenvolvendo ao lado de uma corrente mais antiga conhecida como irmandade <em>Tijâniyya</em> (um ramo do <em>sufismo</em>). No cristianismo, por outro lado, estamos testemunhando a ascensão meteórica das “Igrejas Revivalistas”, para grande desânimo das religiões tradicionais.</p> Sylvain Mbohou Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 17 10.18764/1983-2850v18n52e26031 Afro cristianismo: a diversidade de uma religião que se pensava ser europeia https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/25459 <div><span lang="PT-BR">Este artigo pretende tratar da presença do cristianismo na África desde os primeiros séculos da nossa era, mostrando como, a partir de países como a atual Etiópia, ele se espalhou pelo norte do continente africano, muito antes da chegada dos europeus no século XV que, a partir de XVI, trouxeram versões discriminatórias e autoritárias repletas de ortodoxias geradas pelo Concílio de Trento (1545-1563) pela Reforma Protestante. O texto também fala de um dos mais significativos contatos do cristianismo católico português na África, que aconteceu, ainda no século XV, com os povos dos atuais Congo e Angola e que gerou, no Brasil escravocrata, a devoção e as festas dedicadas a N. Sra. do Rosário e São Benedito, celebradas em vários estados brasileiros e conhecidas como Congadas, Reinados e outras variações, além de ter influenciado as diferentes formas de Candomblé e a Umbanda no Brasil. Finalmente, trata da situação atual do cristianismo no continente africano, percorrendo assim um círculo de mais de 1000 anos em que o Cristianismo saiu da Palestina, se estruturou na África, atravessou o Mediterrâneo e entrou na Europa, voltando para a África com a colonização, bastante transformado.</span></div> Marco Antonio Sá Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52 1 15 10.18764/1983-2850v18n52e25459 África Cristã: 2.000 anos de História https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/26290 <p align="justify"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: medium;">Com o dossiê </span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: medium;"><em>África Cristã: 2.000 anos de História</em></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: medium;">, a presente edição da Revista Brasileira de História das Religiões apresenta uma atualização necessária e urgente sobre a presença desde a Antiguidade, o desenvolvimento e o impacto do Cristianismo na África para a História do Cristianismo Global. O objetivo dos sete artigos desta chamada temática, incluindo dois de autores internacionais, atendem ao objetivo de demonstrar </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: medium;">a riqueza cultural das manifestações cristãs milenares africanas, não sendo produto</span></span></span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: medium;">, portanto, apenas da ação colonialista europeia na Modernidade.</span></span></p> Pedro Henrique C. de Medeiros Patrícia Costa Pereira da Silva Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de História das Religiões https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 2025-05-01 2025-05-01 18 52