“PaisTech” da rede social Instagram: feminismo, políticas de masculinidades e representações parentais
DOI:
https://doi.org/10.18764/2178-2229v31n1.2024.5Palavras-chave:
representações sociais de paternidade, construções de parentalidade, feminismos, políticas de masculinidades, estudos de gênerosResumo
O artigo analisa criticamente as representações de paternidades masculinas presentes em perfis de pais homens na rede social virtual Instagram e que de alguma maneira encontram-se legitimados pela quantidade numericamente expressiva de pessoas que acompanham a produção de seus conteúdos. Baseado em análises sociológicas, o texto tem como referencial teórico as contribuições das teorias críticas, com destaque para as produções sobre o materialismo proposto pelos movimentos feministas e as políticas de masculinidades. Como argumentos principais a pesquisa aponta para a necessidade de que os perfis de “pais tecnológicos” da rede social, ou os “PaisTech”, sejam compreendidos como parte de narrativas construídas no interior de estruturas sociais mais complexas. Como principal contribuição, o artigo defende a compreensão de que, ainda que talvez com intenções comunicativas aparentemente “positivas”, os “PaisTech” acabam por
reforçar as diferenças e as desigualdades existentes nas relações parentais de cuidados com a prole desempenhadas por homens e mulheres na educação de seus/suas filhos/as, contribuindo assim para a manutenção de estereótipos sociais de gênero.
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