Trabalho e condição humana
DOI:
https://doi.org/10.18764/2966-1196v1n1.2024.21%20Palavras-chave:
Trabalho, Condição Humana, Arendt, Dignidade humanaResumo
Em A condição humana (1958), Arendt sugere que a sua teorização sobre a categoria do trabalho emerge da crítica à glorificação da atividade na Modernidade, glorificação validada pela interpretação de Marx. Ao mesmo tempo em que formula a crítica ao que ela classifica como vitória do animal laborans sobre as vidas do homo faber e do homem de ação, procurando em A condição humana recuperar as potencialidades do político, Arendt tenciona um embate contra a interpretação marxiana do termo. Pensamos que na obra acima citada, uma vez que nela está em consideração a recuperação das potencialidades do político, a reflexão sobre o valor do trabalho no interior da condição humana é dificultada. No presente texto, procuramos minorar a interpretação que identifica no trabalho o ônus da condição humana, recuperando os escritos de Arendt da década de 1930, quando a pensadora reflete sobre as condições extremas em que mesmo a estatura de animal laborans foi negada a ela e à comunidade judaica, frente à perseguição nazista. Em certa medida, condições semelhantes podem emergir com o fenômeno da automação, em que as máquinas eliminam postos de emprego, substituindo homens por máquinas, e com a atual e radical tendência à cibernetização, que substitui não só o engenho humano, mas a própria mente humana por máquinas. Para além de uma economia categorial que leve à ação, neste texto procuramos privilegiar a relação entre trabalho, dignidade e condição humana. Por este viés indicamos a relevância das reflexões de Arendt para pensar o que estamos fazendo na atualidade.
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