“AS FLORES DE NOVIDADE”: figurações da exiliência em Mia Couto
Palavras-chave:
Espaço, Lugar, Exiliência, Mia Couto.Resumo
A convergência da Geografia com a Literatura possibilita o vislumbre de uma nova perspectiva de compreensão do espaço como elemento fundamental das narrativas literárias, nas quais é expressa a própria essência geográfica do ser-no-mundo (DARDEL, 2011). Para Marandola Jr (2010, p.07), “o drama humano, a história de uma cidade, os detalhes de um conflito não se limitam à trama de significados e sentidos que estão encetados em si próprio. Sua força reside no que aquelas narrativas específicas carregam no sentido universal de seus temas, conflitos e entendimentos”. Desse modo, o presente estudo tem como objetivo principal a análise do conto “As flores de Novidade”, do escritor Mia Couto, e que está contido no livro Estórias Abensonhadas (1994), de modo a observar o fenômeno da exiliência na forma como este é vivido, ou seja, a partir do modo como aparece na experiência. “As flores de Novidade” é um conto que trata do impacto da guerra na vida de pequenas comunidades, tanto pelo terror e mortes que acarreta quanto pela imposição do deslocamento. Em menor escala, este conto é sobre a desintegração da família, e em maior, da sociedade, este espaço periférico em crise. Na escrita de Mia Couto é possível verificar a articulação dos diversos modos com os quais as personagens se relacionam e percebem o espaço. Além de articular categorias da Geografia Humanista Cultural e de seus principais autores, como Eric Dardel e Marandola Jr, é intenção desse trabalho pensar o modo como este fenômeno da exiliência aparece na experiência das personagens do texto literário a partir de autores como Nouss (2016), Ilie (1980), Volpe (2005) e Said (2003).Downloads
Referências
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