A DESUMANIZAÇÃO DOS PERSONAGENS DE “VIDAS SECAS” COMO ELEMENTO DA EXPLORAÇÃO SOCIAL
Palavras-chave:
Literatura Brasileira Moderna. Silenciamento. Linguagem. Sociedade e meio ambiente.Resumo
Ao abordar o drama da desumanização imposta aos personagens do clássico "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, o presente estudo se propõe a analisar como a carência da linguagem promove a animalização do homem, provoca a solidão e o isolamento social. Para fundamentar o tema, adotamos os estudos de Holanda (1992), Melo (2005) e Protez e Menon (2008), que evidenciam as práticas de exclusão como elemento da exploração social. Com uma metodologia baseada em revisão bibliográfica e interpretação literária, contextualizamos as contribuições propostas pelos teóricos para defender a ideia central: os silenciamentos são impostos pelos ambientes social (humano) e geográfico (natureza) da narrativa. Mediante essa análise, entendemos que a animalização do homem resulta na ausência de linguagem e na normalização disso diante da vida de negações. Os resultados comprovam que a ausência da fala é fator determinante para a condição de seres explorados e oprimidos e, ainda, constitui uma esfera de continuidade. Ao final da narrativa, diferenças entre humanos e animais são enfim contempladas, quando são perceptíveis as raras ações emotivas, como o florescer da esperança e as perspectivas de uma vida melhor.
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