DESASSOSSEGO NO VENTRE E NA TERRA, TEM BARULHO CHEIRO DE MATA DERRUBADA: quem é que chega?

Autores

  • António Raúl Sitoe Universidade Federal Fluminense
  • Lílian Regina Furtado Braga Universidade Federal Fluminense
  • Hizabelle Vitória Baía de Araújo UNAMA

DOI:

https://doi.org/10.18764/2236-4358v13n39.2023.7

Palavras-chave:

desassossego no ventre e na terra, barulho e cheiro de mata, quem é que chega

Resumo

A pesquisa destina-se a analisar a carta “o que pensamos nós mulheres Munduruku?” apresentada na ocasião do seminário “Impactos, desafios e perspectivas dos Grandes projetos na Bacia do Tapajós” sedeado em Itaituba em maio de 2016. A aparição pública destas mulheres mobilizou instituições públicas, membros da sociedade civil, povos originários e comunidades tradicionais, objetivando estabelecer diálogos com diversos segmentos sociais abrangidos por empreendimentos tais como a hidrelétrica de São Luís do Tapajós e a hidrovia do Tapajós. Estes projetos têm impactos negativos na saúde dos povos originários e das comunidades tradicionais. A fundamentação teórica da pesquisa encontra-se assente nas discussões sobre território e territorialidade, conflitos socioambientais e igualmente na carta que constitui objeto de análise. A pesquisa visa analisar os impactos dos megaprojetos denunciados na carta das mulheres Munduruku; descrever o povo Munduruku, meio ambiente e as ameaças decorrentes da contaminação mercurial das águas com danos à vida humana; analisar as ações das Munduruku face à omissão das autoridades governamentais em relação à contaminação dos rios com impactos alarmantes para a população amazônica. Para a realização desta pesquisa, optamos pela pesquisa implicada e qualitativa. Os desastres socioambientais têm consequências devastadoras que mobilizam as mulheres Munduruku a desafiar os gestores públicos a encontrar medidas para a mitigação dos impactos causados pelos megaprojetos. A análise da carta das mulheres Munduruku e a criação das associações Wakoburum, imbuídas no espírito ancestral, desenvolveram ações de resistência contra os megaprojetos que inquinam o meio ambiente.  

 

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Biografia do Autor

Lílian Regina Furtado Braga, Universidade Federal Fluminense

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito

Hizabelle Vitória Baía de Araújo, UNAMA

Graduanda em Direito.

Referências

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Publicado

2023-08-01

Como Citar

Sitoe, A. R., Braga, L. R. F., & Araújo, H. V. B. de . (2023). DESASSOSSEGO NO VENTRE E NA TERRA, TEM BARULHO CHEIRO DE MATA DERRUBADA: quem é que chega?. Revista Húmus, 13(39). https://doi.org/10.18764/2236-4358v13n39.2023.7