A Temporalidade do Chicle

uma leitura da Crônica de Clarice Lispector, Medo da Eternidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/2525-3441v10n25.2024.18

Palavras-chave:

tempo; temporalidade; tempo linguístico; eternidade

Resumo

Este artigo versa sobre o tempo e a temporalidade na crônica Medo da Eternidade de Clarice Lispector, que se imbricam em uma interdependência para marcar a sucessividade dos acontecimentos. Evidenciaremos que revelam o momento de ocorrência dos fatos não apenas por meio das desinências verbais, mas também por outros elementos que marcam circunstâncias, momentos e perpassam por lugares privilegiados, entre eles, as noções metafóricas de vida e de concepções, que, na mencionada narrativa, são representadas por um chicle. Por isso, a percepção de tempo vai além, alcançando uma dimensão temporal medida por lembranças, sentimentos, ausências, comportamentos, ações, palavras, falas. Apresentamos, assim, um recorte da pesquisa de Mestrado em andamento, na qual objetivamos desenvolver um trabalho que revele o tempo, o tempo verbal e a temporalidade a partir do que propõem textos literários, espaços possibilitadores das jogadas da língua, em que se explora o tempo, que transcende o verbo. Assim, para efeito metodológico, será realizada, na referida crônica, uma análise, que aqui não se esgotará, que adentrará as formas de expressão do tempo, com alcance da temporalidade. Nesse viés, intentamos apresentar algumas nuances sobre esse delineador, modelador, controlador e especificador do momento dos fatos a partir da citada crônica Medo da Eternidade de Clarice Lispector, publicada em 1970. Nessa perspectiva, enveredaremos pelo tempo de acordo com Paul Ricoeur (1994, 2010) e os outros teóricos: Benveniste (2006), Ilari (2014), Terra (2015), Todorov (2014).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Regina Coelho Costa Moraes, Universidade Federal do Mranhão UFMA

Discente do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Maranhão, campus Dom Delgado

Sonia Maria Correa Pereira Mugschl, Universidade Federal do Maranhão - Campus Dom Delgado

Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Maranhão, campus São Luís

Monica Fontenelle Carneiro, Universidade Federal do Maranhão

Docente dos Programas de Pós-Graduação em Letras, campus Dom Delgado (PGLetras) e do campus de Bacabal (PPGLB)

Referências

ABRAÇADO, J. O tempo, o tempo linguístico e o tempo verbal: propriedades e relações. São Paulo: Contexto, 2020.

ALMEIDA, S. [Sonia M. C. P. Mugschl]. A língua e a árvore: uma herança com chão e tempo. São Luís: EDUFMA, 2017.

BAKTHIN, M. M. Estética da criação verbal. 6. ed. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Editora WMF Martins, 2011.

BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2001.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.

BENTIVOGLIO, J.; ANDRADE, K. A. História e Sociedade: o uso de obras literárias como fontes históricas. Vitória: Editora Milfontes, 2023. 1v.

BENVENISTE, É. Problemas de Linguística Geral II. Tradução de Eduardo Guimarães. Campinas: Pontes Editores, 2006.

ECO, Humberto. Os limites da interpretação. Tradução Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 2015.

FIORIN, J. L. As astúcias da enunciação: as categorias de pessoa, espaço e tempo. 3. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2021.

ILARI, R. Introdução à semântica - brincando com a gramática. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

ILARI, R.; BASSO, R; M. O verbo. In: ILARI, R. Palavras de Classe Aberta: Gramática do Português Culto Falado no Brasil. São Paulo: Contextto, 2014.

LISPECTOR, C. Medo da eternidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 jun. 1970. Caderno B. p. 2.

MARI, H. Os lugares do sentido. São Paulo: Mercado das Letras, 2008.

MARTELOTTA, M. E. (org.). Manual de linguística. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

NEVES, M. H. de M. A gramática: história, teoria e análise, ensino: Editora UNESP, São Paulo, 2002.

NEVES, M. H. de M. A gramática: história, teoria e análise, ensino. São Paulo: Contexto, 2010.

NEVES, M. H. de M.; CASSEB-GALVÃO, V. C. Gramáticas Contemporâneas do Português: com a Palavra, os Autores Edvaldo Bechara. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

PERINI, M. A. Defino minha obra gramatical como a tentativa de encontrar resposta às perguntas: por que ensinar gramática? Que gramática ensinar? In: NEVES, M. H. de M.; CASSEB-GALVÃO, V. C. Gramáticas Contemporâneas do Português: com a Palavra, os Autores Edvaldo Bechara... São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

RICOEUR, P. 1913- Tempo e narrativa (tomo 1). Tradução Constança Marcondes Cesar. Campinas: Papirus, 1994.

RICOEUR, P. Tempo e narrativa. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

SANTO AGOSTINHO. Confissões. 2. ed. Tradução de Lorenzo Mammi. São Paulo: Penguin Classics; Companhia das Letras, 2017.

TERRA, E. Leitura literária e conhecimento linguístico: caminhos que se entrecruzam. In: NASCIMENTO, J. V.; TOMAZI, M. M.; SODRÉ, P. R. Língua, literatura e ensino. São Paulo: Blucher, 2015.

TODOROV, T. Simbolismo e interpretação. São Paulo: Editora UNESP, 2014.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática: ensino plural. 5. Ed. São Paulo: Cortez, 2011.

Downloads

Publicado

2024-12-10

Como Citar

COELHO COSTA MORAES, Maria Regina; MUGSCHL, Sonia Maria Correa Pereira; FONTENELLE CARNEIRO, Monica.
A Temporalidade do Chicle: uma leitura da Crônica de Clarice Lispector, Medo da Eternidade
. Afluente: Revista de Letras e Linguística, v. 9, n. 25, p. 01–20, 10 Dez 2024 Disponível em: https://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/24993. Acesso em: 26 dez 2024.