A Temporalidade do Chicle: uma leitura da Crônica de Clarice Lispector, Medo da Eternidade
DOI:
https://doi.org/10.18764/2525-3441v9n26.2024.18Palavras-chave:
tempo, tempo linguístico, temporalidade, gramaticalizaçãoResumo
Este artigo versa sobre o tempo e a temporalidade na crônica Medo da Eternidade de Clarice Lispector, que se imbricam em uma interdependência para marcar a sucessividade dos acontecimentos. Evidenciaremos que tanto um quanto outro revelam o momento de ocorrência dos fatos não apenas por meio das desinências verbais, mas também por outros elementos que marcam circunstâncias, momentos e perpassam por lugares privilegiados, entre eles, as noções metafóricas de vida e de concepções, que, na mencionada narrativa, são representadas por um chicle em função de sua durabilidade. Por isso, a percepção de tempo vai além, alcançando uma dimensão temporal medida por lembranças, sentimentos, ausências, comportamentos, ações, palavras, falas. Apresentamos, assim, um recorte da pesquisa de Mestrado em andamento, na qual objetivamos desenvolver um trabalho que manifeste a complexidade do tempo, principalmente quando se trata de textos literários. Não só os tempos verbais dão conta de sustentar a temporalidade que transcende o verbo. Nesse viés, precisamos enveredar pela concepção da Linguística Aplicada Indisciplinar, (Lopes, 2006) porque a noção de temporalidade atrai a de gramaticalização (Neves, 2002) pela qual o processo de leitura precisa considerar para a categoria tempo, não apenas o verbo, mas as expressões e, inclusive, as metáforas que contêm a noção de permanência, durabilidade que, por sua vez, guardam fases iniciais e duradouras. Estamos aplicando como metodologia da descrição linguística ‘indisciplinar’ que reúne o tempo linguístico e outras expressões temporais em Medo da Eternidade de Clarice Lispector, crônica publicada em 1970. Nessa perspectiva, enveredaremos pelo tempo de acordo com Paul Ricoeur (1994, 2010) e os outros teóricos: Benveniste (2006), Ilari (2014), Terra (2015), Todorov (2014), a partir da morfologia do verbo em Português.
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