ENTRE LINGUÍSTICA E LITERATURA: a cenografia em O livro da selva e O livro do cemitério
Palavras-chave:
O livro da selva. O livro do cemitério. Protagonista. Cenografia.Resumo
Este artigo tem como norteamento central descrever e analisar a cenografia proposta por Dominique Maingueneau (2009) em O livro da selva (1984), de Rudyard Kipling e O livro do cemitério (2008), de Neil Gaiman. Esta abordagem leva em consideração que a obra literária se materializa no e pelo discurso e as marcas enunciativas do discurso literário se configuram através de uma cenografia, cuja condição é validar a narrativa ao mesmo tempo, que define a posição do enunciador, co-enunciador e da não-pessoa na enunciação. Trata-se de um estudo teórico, descritivo e analítico que se fundamentou na perspectiva da análise do discurso de linha francesa, mais especificamente no processo discursivo-enunciativo proposto por Dominique Maingueneau (1996, 2009), bem como as ideias de alguns de seus estudiosos Freitas & Serena (2014); o texto literário como forma de comunicação conforme Mikhail Bakhtin (1997) e a distinção entre linguagem científica e literária conforme Roland Barthes (2004). Levando em consideração que a leitura é ato primordial para se alcançar o letramento, buscamos contribuições sobre o significado da leitura em Regina Zilberman (2009) e a (re) construção do “eu” que a leitura possibilita através dos postulados de Michèle Petit (2005, 2009). O estudo evidenciou que o discurso literário nas obras analisadas compreende uma cenografia e, com isso, pode ocorrer a identificação do leitor com os textos a partir das cenas enunciativas construídas.
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Referências
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