Câmaras de eco e filtros-bolha no contexto da gestão algorítimica da atenção
refletindo sobre os desafios contemporâneos do letramento digital à luz da BNCCEM
DOI:
https://doi.org/10.18764/2177-8868v14n28.2023.18Palavras-chave:
Câmaras de eco, Filtros-bolha, Letramento digital, BNCCEMResumo
A popularização das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) (Ribeiro, 2009; Snyder, 2010; Lemke, 2010), somada às recentes transformações decorrentes dos avanços no campo das inteligências artificiais (IA), representou mudanças importantes no modo como lemos, escrevemos, interagimos e nos informamos. Some-se a esse cenário o chamado processo de gestão algorítmica da atenção, que, segundo Bentes (2019), refere-se ao uso de algoritmos para direcionar e capturar a atenção das pessoas, determinando o que é mostrado aos indivíduos em plataformas digitais, como redes sociais, com base no engajamento desses usuários. Tais transformações se refletem, em certa medida, na preocupação, cada vez mais evidente, em pautar o uso das TDIC nos documentos formativos que estabelecem competências e objetivos de aprendizagem no ensino médio, a exemplo da Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (BNCCEM). No texto do citado documento formativo, é notório o destaque dado ao uso de TDIC mediadas pela internet, o que se faz ver, por exemplo, no prognóstico de que grande parte das futuras profissões envolverá, direta ou indiretamente, computação e tecnologias digitais (Brasil, 2018). Nesse contexto, este artigo tem como objetivo discutir o tratamento dado pela BNCCEM na área de Linguagens e suas Tecnologias do componente de Língua Portuguesa aos mais recentes impactos das TDIC na comunicação, em especial a dois importantes mecanismos decorrentes do uso de inteligências artificiais (IA) pelas plataformas de redes sociais: as câmaras de eco, fenômeno estudado por Sunstein (2007); e os filtros-bolha, mecanismo estudado por Pariser (2012). Para viabilizar o objetivo proposto, fizemos uma análise exploratório-descritiva das competências e habilidades específicas do componente de Língua Portuguesa que demandam Letramento Digital por parte dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Uma leitura crítica das competências à luz do atual cenário tecnológico e dos mecanismos decorrentes da atuação dos algoritmos nos permite afirmar a necessidade de que o debate em torno do Letramento Digital se amplie no sentido de compreender os impactos da gestão algorítmica da atenção nos processos de comunicação e interação, considerando, sobretudo, os riscos que esses mecanismos representam ao debate público e à democracia ao promoverem e/ou exacerbarem a formação de falsos consensos, de polarizações artificiais e de discursos de ódio.
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