A DINÂMICA DISJUNTIVA EM A HORA DA ESTRELA
Abstract
O presente artigo tem por objetivo analisar a obra A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector. Frequentemente considerada uma narrativa que se destaca do restante da produção da autora, por tratar mais explicitamente da temática da pobreza e da exclusão social, A hora da estrela emprega um interessante procedimento de construção narrativa, qual seja, a duplicação da instância autoral por meio da criação do autor ficcional Rodrigo S. M. Através da análise da relação estabelecida entre este narrador e a personagem Macabéa, verifica-se uma oscilante dinâmica de aproximação e afastamento entre criador e criatura. A hipótese aqui defendida é a de que tal dinâmica representa a tradução, num nível estrutural da obra, de uma questão que acompanha nossa tradição literária enquanto reflexo da formação disjuntiva da sociedade brasileira, qual seja, a questão da dissonância entre a voz do narrador letrado e a matéria ficcional iletrada.
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