A CIVILIZAÇÃO VIOLENTA: a poética da irracionalidade de Guimarães Rosa
Abstract
A narração de Riobaldo, em Grande Sertão: veredas de João Guimarães Rosa, encena a tensão entre primitividade original e originária da linguagem poética, encontrada nos narradores orais do interior sertanejo, e a dicção civilizatória racionalista, encarnada no personagem Zé Bebelo. É o encontro do antigo com o novo, da forma oral de transmissão cultural com a escrita. É a narrativa mitopoética do apocalipse jagunço. O apocalipse jagunço representa uma mudança do rústico ao civilizado? Da época divino-heróica à era racional? O Sertão rosiano harmoniza os contrários numa difícil corda bamba. A civilização pode ser bárbara? Os clãs antigos podem possuir traços civilizados? O equilíbrio cósmico entre os elementos extremos do Grande Sertão sugere a composição do homem integral pela aprendizagem através do sofrimento e pelo dom curativo da palavra, que liberta do diabo, o homem humano, enclausurado em sua mera racionalidade, em sua mera subjetividade narcísica.
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