NINFA DISTANTE: AS ESTRELAS INTERMITENTES DE MANUEL BANDEIRA

Autores

  • Maura Voltarelli Roque Universidade de São Paulo (USP)

Palavras-chave:

Manuel Bandeira, Imagem, Ninfa, Poesia moderna.

Resumo

A partir de uma zona de deslizamento entre a palavra e a imagem, este artigo busca pensar um dos desdobramentos da imagem de Vênus na obra de Manuel Bandeira. Ao surgir como uma espécie de metáfora para os “paraísos perdidos” aos quais se lança a todo momento a poética bandeiriana, essa imagem ambígua, de uma estrela que é também uma mulher, permite suspender tal poética em um entrelugar, deixando vir à tona vínculos insuspeitados entre essa poesia de destacados traços modernistas e um momento anterior, ainda sem um nome adequado em nossa historiografia literária, no qual essa fluida forma feminina, ao mesmo tempo sobrevivente do passado e índice histórico de sua época, volta a nos assombrar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maura Voltarelli Roque, Universidade de São Paulo (USP)

A pesquisadora possui mestrado em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (2014) e doutorado em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (2019). Atua principalmente na área de poesia moderna e contemporânea brasileira, com estudos sobre a poeta Dora Ferreira da Silva, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Donizete Galvão e Carlito Azevedo. Seus trabalhos mais recentes têm se voltado para o estudo da imagem da Ninfa, pensada por autores como Aby Warburg, Georges Didi-Huberman e Giorgio Agamben, na poesia moderna e contemporânea brasileira. É autora do livro Nymphé e outros poemas (2014), publicado pela Editora Medita. Atualmente, desenvolve pesquisa de pós-doutorado junto ao Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo (USP).

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Ninfas. Trad. Renato Ambrosio. São Paulo: Hedra, 2012 (Coleção Bienal)

ALVES, Castro. Espumas Flutuantes. 2ª edição fac-similar. São Paulo: Edições GRD, 1991

ANDRADE, Mário de. “Libertinagem” In: Manuel Bandeira, org. Sônia Brayner. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1980

ANJOS, Augusto dos. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1996

ANTELO, Raúl. “História (s): a arte arde” In: DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem queima. Tradução Helano Ribeiro. Curitiba: Editora Medusa, 2018 (prefácio)

ARANHA, Graça. Canaã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982

ARRIGUCCI JÚNIOR, Davi. Humildade, paixão e morte: a poesia de Manuel Bandeira. São Paulo: Companhia das Letras, 1990

BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, 1974

BANDEIRA, Manuel. Itinerário de Pasárgada. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984

BENJAMIN, Walter. “A imagem de Proust” In: Magia e Técnica, Arte e Política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 6ª ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993

BENJAMIN, Walter. Passagens. Tradução do alemão Irene Aron, tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018

BRAYNER, Sônia. “O humour bandeiriano ou As histórias de um sabonete” In: Sônia Brayner (org.). Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1980

CALASSO, Roberto. A literatura e os deuses. Trad. Jônatas Batista Neto. São Paulo: Cia das Letras, 2004

CALASSO, Roberto. La locura que viene de las ninfas. Tradução de Teresa Ramírez Vadillo e Valerio Negri Previo. Espanha: Sexto Piso, 2008

CAMPOS, Haroldo de. “Bandeira, o desconstelizador” In: Sônia Brayner (org.). Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1980

DIDI-HUBERMAN, Georges. La ressemblance par contact – Archéologie, Anachronisme et modernité de l'empreinte. Paris: Les Éditions de Minuit, 2008

DIDI-HUBERMAN, Georges. “Ao passo ligeiro da serva” (Saber das imagens, saber excêntrico) In: Ymago. Trad. R.C. Botelho e R.P. Cabral. Lisboa: KKYM, 2011. Disponível em: www.proymago.pt.

DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Tradução: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013

DIDI-HUBERMAN, Georges. Falenas. Ensaios sobre a aparição, 2. Trad. António Preto, Eduardo Brito, Mariana Pinto dos Santos, Rui Pires Cabral, Vanessa Brito. Lisboa: Imago, 2015

NASSAR, Raduan. Lavoura Arcaica. 3ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989

OLIVEIRA, Franklin de. “O medievalismo de Bandeira: a eterna elegia” In: Sônia Brayner (Org.) Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1980

PAES, José Paulo. “O art nouveau na literatura brasileira” In: Gregos & Baianos. São Paulo: Brasiliense, 1985

PENNAFORT, Onestaldo de. O Festim, A Dança e a Degolação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975

ROSENBAUM, Yudith. Manuel Bandeira: Uma Poesia da Ausência. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002

SOUZA, Gilda e Antonio Candido de Mello e. “Introdução” à Estrela da vida inteira. 8ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980

STIGGER, Veronica. “Escritos de Maria Martins: 1958-65” In: Maria. Org: Charles Cosac. São Paulo: Cosac Naify, 2010

WARBURG, Aby. “Ninfa Fiorentina. Fragmentos de um projecto sobre Ninfas” In: Ymago. Trad. A Morão. Lisboa: KKYM, 2012. Disponível em: www.proymago.pt

WARBURG, Aby. “O Nascimento de Vênus e A primavera de Sandro Botticelli” In: Histórias de fantasma para gente grande: escritos, esboços e conferências. Tradução Lenin Bicudo Bárbara. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015

Downloads

Publicado

2020-06-16

Como Citar

ROQUE, Maura Voltarelli.
NINFA DISTANTE: AS ESTRELAS INTERMITENTES DE MANUEL BANDEIRA
. Afluente: Revista de Letras e Linguística, v. 5, n. 15, p. 96–121, 16 Jun 2020 Disponível em: https://cajapio.ufma.br/index.php/afluente/article/view/13727. Acesso em: 21 nov 2024.

Edição

Seção

Estudos Literários