EDUCAÇÃO SUPERIOR (ES) COMO BEM PÚBLICO E SOCIAL: tempo e lugar como categorias reflexivas para a produção de conhecimento

Autores

  • Marlize Rubin-Oliveira Universidade Tecnológica Federal do Paraná/Brasil (UTFPR/Campus Pato Branco).
  • Aruanã Antonio dos Passos Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco. http://orcid.org/0000-0003-0483-3774
  • Franciele Clara Peloso Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco.

Palavras-chave:

Tempo, Lugar, Educação Superior, Saberes decoloniais.

Resumo

A produção de conhecimento hegemônico euro/norte/centrado com suas raízes na modernidade/racionalidade ocidental desqualifica toda e qualquer forma de saber que não cumpre com os padrões/métodos estabelecidos pelo paradigma moderno. Partindo dessa compreensão, um dos desafios que se coloca hoje à produção de conhecimento de maneira geral e à Educação Superior em especial é romper com esse padrão de conhecimento e ciência no qual saberes subalternos foram silenciados em nome de uma pretensa democratização do conhecimento e da ciência. O objetivo é deste artigo é problematizar a produção de conhecimento constituinte da ES contemporânea a partir das categorias de Tempo e Lugar. O caminho percorrido em um primeiro momento busca contextualizar e historicizar a produção do conhecimento contemporâneo no contexto da ES, visando construir um cenário que possibilite compreender e tensionar bases epistêmicas do conhecimento e da ciência moderna. No segundo momento as categorias de Tempo e Lugar são revisitadas na sua potencialidade reflexiva para a constituição de um éthos para a cumplicidade subversiva. Por fim, cabem os questionamentos: a ES está disposta a ser um Lugar da cumplicidade subversiva? Essa potencialidade exige uma ressiginificação dos sentidos históricos (temporais) dos processos de consolidação dos saberes eurocentrados? Dessa forma, procuramos, a partir de epistemologias de fronteira, construir reflexões decoloniais em que subjetividades e imaginários são constitutivos de saberes e não podem mais ser silenciados quando se almeja a trilha da ES como bem público e social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marlize Rubin-Oliveira, Universidade Tecnológica Federal do Paraná/Brasil (UTFPR/Campus Pato Branco).

Professora Associada da Universidade Tecnológica Federal do Paraná/Brasil (UTFPR/Campus Pato Branco). Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR/UTFPR). Líder do Grupo de Estudos sobre Universidade (GEU/UTFPR).

Aruanã Antonio dos Passos, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco.

Doutor em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Docente do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco.

Franciele Clara Peloso, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco.

Doutora em Educação. Professora Adjunta do Departamento Acadêmico de Ciências Humanas. Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Pato Branco.

Referências

Anderson, B. (2008). Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras.

Arendt, H. (2007|). Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva.

_____. (2001). A Condição Humana. Lisboa: Relógio D’água.

Appiah K. A. (1997). Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto.

Bakhtin, M. (2018). Teoria do romance II: as formas do tempo e do cronotopo. São Paulo: Editora 34.

Bernardino-Costa, J. e Grosfoguel, R. (2016). Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado, v. 31, nº1, janeiro/abril. pp. 15-24.

Boacik, D.; Rubin-Oliveira, M.; Corona, H. M. P. (2020) Pluriverso e Interculturalidade: uma construção de diálogos além das fronteiras. Integración y Conocimiento, v. 9, p. 190-208, 2020.

Charles, C.; Verger, J., (1996). História das universidades. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista.

Dussel, E. (1993). 1492 - O encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993.

_____. (2015). Meditações anti-cartesianas: sobre a origem do anti-discurso filosófico da modernidade (Parte II). Revista Filosofazer, Passo Fundo, n. 46, jan/jul.

Elias, N. (1994). O processo civilizador. Vol 1: Uma História dos Costumes. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.

Escobar, A. (2005). O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento? In: Lander, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino- americanas. Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. setembro.

Escobar, A. (2012). Más allá del desarrollo: postdesarrollo y transiciones hacia el pluriverso. Revista de Antropología Social, 21: 23-62.

Foucault, M. (2007). As palavras e as coisas: uma arqueologia das Ciências Humanas. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes. s

Gadamer, Hans-George. (2006). O problema da consciência histórica. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora da FGV.

Grosfoguel, R.. (2008). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais. No 80, pp. 115-147, Mar.

Harari, Y. N. (2016). Homo Deus: uma breve história do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras.

Heidegger, M. (2000). Ser e Tempo. Parte II. 7. ed. Petrópolis: Editora Vozes.

Koselleck, R. (2006). Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Ed. da PUC-Rio.

_____. (1999). Crítica e crise: uma contribuição da patogênese do mundo burguês. Rio de Janeiro: Contraponto.

Krenak, A. (2020). Ideias para adiar o fim do mundo. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras.

Mészáros, I. (2008). A educação para além do capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo.

Mignolo, W. (2011). The darker side of Western Modernity: Global futures, decolonial options. Durham & London: Duke University Press.

_____. (2015). Habitar la Frontera. Sentir y pensar la descolonialidad (Antología, 1999-2014). Interrogar la actualidad, n.o 36. Robles Edición: CIDOB y UACJ.

Morin, E. (1999). O Método III: o conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Sulina.

Palermo, Z. (2015) Itinerario. In: ______ (et.al.) compilado por Palermo, Z. Des/decolonizar la universidad. 1ª ed. Cuidad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo. (El desprendimento/Walter Mignolo)

Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: Lander, E. (Org.). A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO).

Rubin-Oliveira, M. and Wielewicki, H. de G. Concepts, policies and actions of internationalization of Higher Education: reflections on the expertise of a North American University. Revista Brasileira de Educação [online]. 2019, v. 24 [Accessed 9 October 2021].

Rubin-Oliveira, M.; Wielewicki, H. de G. E Pezarico, G. Internacionalização da Educação Superior: lugar, sujeito e pesquisa como categorias substantivas de análise. Educação (UFSM), 44, 2019 [Acesso1 October 2021].

Rüsen, J. (2011). Pode-se melhorar o ontem? Sobre a transformação do passado em história. In: Salomon, M. (org.). História, verdade e tempo. Chapecó: Argos.

Said, E. (1990). Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras.

Salomon, M. (org.). (2018). Heterocronias: estudos sobre a multiplicidade dos tempos históricos. Goiânia: Ricochete.

Sousa Santos, B. (2000). A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez.

______. (2006). A Gramática do Tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez. (Coleção para um novo senso comum; v.4).

______. (1997). Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 4.ed. São Paulo: Cortez.

______. (2019). O fim do império cognitivo: a afirmação das epismologias do Sul. Belo Horizonte: Autêntica Editora.

Santos, M. (2015). Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record.

Vieira Pinto, Á. (1985). Ciência e Existência. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Wolff, F. (2013). A flecha do tempo e o rio do tempo – Pensar o futuro. In: Novaes, A. (Org.). O futuro não é mais o que era. São Paulo: Edições Sesc.

Downloads

Publicado

2021-11-18

Como Citar

Rubin-Oliveira, M., Passos, A. A. dos, & Peloso, F. C. (2021). EDUCAÇÃO SUPERIOR (ES) COMO BEM PÚBLICO E SOCIAL: tempo e lugar como categorias reflexivas para a produção de conhecimento. Cadernos Zygmunt Bauman, 11(27). Recuperado de https://cajapio.ufma.br/index.php/bauman/article/view/17878