Mariana Luz e "A mendiga do Amor" na sociedade patriarcal
DOI:
https://doi.org/10.18764/2525-3441v8n24.2023.40Palavras-chave:
Mariana Luz, Patriarcado, Colonialidade de gênero, Literatura maranhenseResumo
O gênero, enquanto diferença sexual, é a representação do sujeito feminino que tem servido de suporte nas construções sociais da humanidade, sobretudo em sociedades colonizadas, nas quais as mulheres vêm sendo limitadas pelo patriarcado. Nesse sentido, este texto analisa o poema “A mendiga do amor”, de 1896, da escritora maranhense Mariana Luz, verificando como ela evidência as marcas do patriarcado impressas nos versos em relação à condição da mulher na sociedade brasileira no final do século XIX. Para isso, observa-se, em um primeiro momento, de que modo a poesia luziana pode ser tomada como de resistência, uma vez que transforma a literatura como instrumento de análise social; e, em segundo momento, analisa-se a colonialidade de gênero sofrida pelo sujeito feminino do poema na sociedade patriarcal brasileira, em especial, maranhense. Realizou-se, então, uma pesquisa exploratória e descritiva, documental e bibliográfica que teve como principais referenciais teóricos dos estudos decoloniais, Aníbal Quijano (2005), Walter Mignolo (2007; 2021), Lélia Gonzalez (2018), Maria Lugones (2014; 2020), entre outros; sobre o patriarcado, Heleieth Saffioti (1987; 2004) e Carole Pateman (1993); e, acerca da vida e da obra de Mariana Luz, Jucey Santana (2014), José Neres (2018), Cristiane Tolomei (2019) e Gabriela Santana (2021). Diante disso, verificou-se que Mariana Luz teve um perfil decolonial ao contrapor-se aos diversos paradigmas eurocentrados da sociedade brasileira da época, e denunciou por meio dos seus versos às opressões submetidas pelo sujeito feminino pelo sistema patriarcal do país.
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