Agenda para não esquecer: o fluxo do problema na reforma psiquiátrica brasileira

Autores

  • Luiz Arilton Vieira UFPR
  • Roberto Eduardo Bueno UFPR

DOI:

https://doi.org/10.18764/2178-2865v29n1.2025.19

Palavras-chave:

Reforma Psiquiátrica, saúde Mental, política pública, agenda decisória, Kingdon

Resumo

O processo de Reforma psiquiátrica no Brasil se inicia no final da década de 1970 e se consolida a partir de 2001, sobretudo devido à promulgação da Lei 10.216.  Entretanto, no que tange à implementação de uma nova Política Pública, prima-se pela existência e confluência de elementos favoráveis à sua aprovação. Logo, o presente estudo utiliza o Modelo de Múltiplos Fluxos de Kingdon para caracterizar o fluxo do problema que impulsionou a Política Nacional de Saúde Mental à agenda decisória governamental.  Analisa documentos publicados entre 1978 e 2003. Conclui pela existência de fartos indicadores apontando a dimensão do problema na assistência psiquiátrica brasileira; de importantes crises, símbolos e eventos indicando a sua magnitude; e de abundantes feedbacks, que tanto dimensionam e reforçam o problema, como apontam para a direção de uma possível solução

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Biografia do Autor

Luiz Arilton Vieira, UFPR

Instituição: UFPR - Universidade Federal do Paraná; Formação: Psicologia; Titulação: Mestre em Psicologia pela UTP e Doutor em Políticas Públicas pela UFPR.

Roberto Eduardo Bueno, UFPR

Formação: Odontologia;
Titulação: Mestre, Doutor e Pós-Doutor em Saúde Coletiva pela PUCPR.

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Publicado

2025-06-12

Como Citar

VIEIRA, Luiz Arilton; BUENO, Roberto Eduardo.
Agenda para não esquecer: o fluxo do problema na reforma psiquiátrica brasileira
. Revista de Políticas Públicas, v. 29, n. 1, p. 331–350, 12 Jun 2025 Disponível em: https://cajapio.ufma.br/index.php/rppublica/article/view/24203. Acesso em: 26 jun 2025.