CADÊ O JOSÉ DA PENHA?
Então, eu revido! Olhar sociológico em autores de violência doméstica no Projeto Repensando Atitudes
Palabras clave:
Masculinidades, Violência, Gênero, Política Pública, Lei Maria da PenhaResumen
Mergulhamos no microuniverso da violência exercida contra os corpos femininos por intermédio dos seus autores, no espaço de intervenção do “Projeto Repensando Atitudes”, direcionado pela Lei Maria da Penha com base nas medidas protetivas da Comarca de Campo Mourão, no estado do Paraná. Estudamos as masculinidades na sua relação com as políticas públicas. Questionamos os códigos e estratégias sociais passíveis de terem tornado esses indivíduos suscetíveis a pratica de tais violências. Analisamos o modo como o Projeto atua para alcançar a meta de coibir as reincidências da violência com a tentativa da ressignificação do papel social do “ser homem”. O método fenomenológico ilustrou os processos de subjetividades entre o indivíduo/sociedade para a compreensão do cotidiano, com um esforço etnográfico e netnografico associados a prosopografia dos indivíduos em acordo com sua trajetória. O projeto encontra ecos dos direitos humanos ao respeitar a humanidade dos indivíduos na garantia da existência e do direito a voz. Não leva em conta o contexto vigente do agenciamento violento e assimétrico da versão moderna do patriarcado e da acumulação desenfreada do capital, o que favorece aumento da hierarquização dos corpos com a produção de subjetividades que invizibiliza corpos e vozes, onde vidas humanas parecem importar menos que o capital. A ressignificação do papel social dos envolvidos não é captada pelo projeto pela ausência de avaliação da política pública implementada. Esbarra no sistema de concepções dos indivíduos envolvidos com o sistema jurídico nacional, ainda preso ao tecnicismo e a parâmetros pretéritos de modernidade, inclusive no que tange a punição. Inova na proposta da união de vários setores sociais e profissionais comprometidos com o pensar uma justiça onde caibam todos os indivíduos, incentiva o soltar a imaginação para pensar Projetos Possíveis de inclusão.
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