O FRACASSO DA FORMA:
A ININTELIGIBILIDADE DO FENÔMENO AMOROSO EM DO AMOR (1822) DE STENDHAL
DOI:
https://doi.org/10.18764/2178-2229v30n3.2023.52Palavras-chave:
Stendhal, Sensualismo, Destutt de Tracy, amor, Ideologia, don Juan, WertherResumo
O artigo examina o modo pelo qual o escritor francês Henri Beyle, mais conhecido pelo seu pseudônimo Stendhal, aborda os limites para o conhecimento do fenômeno amoroso, assim como as dificuldades para erigir um discurso sobre a paixão do amor em Do amor (1822) — limites e dificuldades reconhecidos após a vivência de uma decepção amorosa pelo autor. Tentando empregar o procedimento e a forma discursiva da corrente filosófico-científico na qual diz se inscrever — a saber, a ideologia de Destutt de Tracy — para dar inteligibilidade à experiência amorosa que viveu, Stendhal termina por considerá-los inadequados para lidar com a complexidade do fenômeno. Pretende-se assim mostrar como, apesar de reconhecer as limitações de seu próprio livro, Stendhal em Do amor evidencia as insuficiências das formas convencionais de se falar de amor em sua época, explorando, mesmo que de forma precária, outras técnicas narrativas. Os limites formais serão, com efeito, apresentados como limitações não apenas discursivas, mas, principalmente, como inadequações de natureza filosófica.
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