Experiências e sentidos da aula na universidade: alguns apontamentos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/2178-2229v31n2.2024.35

Palavras-chave:

Aula, ensino, universidade, experiência, Jorge Larrosa, Donald Winnicott

Resumo

Este artigo integra uma série de reflexões sobre o ensinar e o aprender na universidade. A questão fundamental que o orienta poderia ser formulada da seguinte maneira: quais condições uma aula deve reunir
para favorecer as experiências culturais e para que professores e estudantes sintam que a vida universitária vale a pena? Caminhando por referências da psicanálise, da filosofia da educação e da história da educação, as discussões sobre essa pergunta conduzem inicialmente à experiência, entendida com base nos escritos de Donald Winnicott e Jorge Larrosa. O primeiro autor assinala a experiência cultural como um dos elementos do desenvolvimento humano e o segundo autor articula o saber da experiência à aula e ao magistério. Nesse sentido, é possível entender a universidade como uma espécie de refúgio, marcado por um tempo, espaço e modos de estudo próprios. O presente artigo considera ainda práticas escolares historicamente institucionalizadas, particularmente as referentes às chamadas sebentas. Que tipo de experiências esses apontamentos,
feitos pelos alunos da Universidade de Coimbra já no século XVIII para registrar as explicações de seus professores, produziram? A quais tradições eles podem nos remeter hoje? As belas descrições feitas em 1945 por Fernando de Azevedo acerca dessas práticas conduzem a pensar sobre o que Inés Dussel e Marcelo
Caruso denominam de “invenção da sala de aula” e permitem, assim, refletir sobre experiências que, em diferentes momentos, direcionam e dão sentido à vida universitária.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Laura Godinho Lima, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo / Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

Professora associada da área de Psicologia e Educação do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da Faculdade de Educação da USP. Pesquisadora em Ano Sabático no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

Vivian Batista da Silva, Universidade de São Paulo

Doutora em educação. Associada da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e Diretora da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. E-mail: vivianbatista@usp.br

Referências

AZANHA, José Mário Pires. Cultura escolar brasileira: um programa de pesquisas. Revista USP, n.8, p.65-69, 1991.

AZEVEDO, Fernando de As técnicas de produção do livro e as relações entre mestres e discípulos. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v.4, n.12, p.329-346, jun/1945.

BOURDIEU, Pierre. Leitura, leitores, letrados, literatura. In: Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1996.

__________. O inconsciente da escola. Pro-Posições, v.24, n.3(72), p.227-233, set-dez/2013.

CATANI, Denice Barbara. A didática como iniciação: uma alternativa no processo de formação de professores. In CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (org). Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Cengage Learning, 2018.

CATANI, Denice Barbara; GATTI JR, Decio. Apresentação. In: CATANI, Denice Barbara; GATTI JR, Decio (Org.) O que a escola faz? Elementos para a compreensão da vida escolar. Uberlândia: EDUFU, 2015, p.7-15.

CATANI, Denice Barbara; SILVA, Vivian Batista da. Metáforas e comparações que ensinam a ensinar. História da Educação, v.23, 2019.

CHARTIER, Roger; BOURDIEU, Pierre. A leitura: uma prática cultural. In: CHARTIER, Roger (org.) Práticas da leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 1996, p.231-253.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Bertrand Brasil, 1990.

CHERVEL, André. História das disciplinas escolares. Teoria & Educação, n.2, 1990.

CHOPPIN, Alain. História do livro e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa, v.30, n.3, p.549-566, set-dez/2004.

CORREIA, António Carlos; SILVA, Vivian Batista da Silva. Catálogo dos manuais pedagógicos portugueses e brasileiros (1869-1970). Belo Horizonte: Fino Traço. 2021.

DUSSEL, Inés, CARUSO, Marcelo. A invenção da sala de aula: uma genealogia das formas de ensinar. São Paulo: Moderna, 2003.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1972.

GURFINKEL, Decio. Entre o si-mesmo e o encontro com o outro. Cult, 277, jan 2022.

GVIRTZ, Silvina. Del curriculum prescripto al curriculum enseñado. Una mirada a los cuadernos de clase. Buenos Aires: Aique, 1997.

LARROSA, Jorge. Esperando não se sabe o quê: sobre o ofício de professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

__________. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In Revista Brasileira de Educação. N.19, jan-abr, 2002.

p.117-229.

PIMENTEL FILHO, Alberto. Lições de pedagogia e história da educação (volume I). Lisboa, 1919.

RIVIÈRE, Jean Loup. Le gôut et l'idée. La gastronomie, Critique, p.449, juin-juillet, 2004.

SANTOS, Joel dos. Livro didático: um mal necessário? Cadernos de Pesquisa, n.63, p.99-100, nov/1987.

SILVA, José Claudio Sooma; VIDAL, Diana; ABDALA, Rachel Duarte. Fernando de Azevedo: em releituras. São Paulo: Paco Editorial, 2020.

SILVA, Vivian Batista da. Saberes em viagem nos manuais pedagógicos: construções da escola em Portugal e no Brasil (1870-1970). São Paulo: Editora da UNESP, 2019.

WINNICOTT, Donald. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

Downloads

Publicado

2024-06-30

Como Citar

LIMA, Ana Laura Godinho; SILVA, Vivian Batista da.
Experiências e sentidos da aula na universidade: alguns apontamentos
. Cadernos de Pesquisa, v. 31, n. 2, 30 Jun 2024 Disponível em: https://cajapio.ufma.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/23828. Acesso em: 27 dez 2024.

Edição

Seção

Dossiê "Ensinar e aprender na universidade"