A política higienista para a infância na América Latina: os casos da Argentina e do Brasil nos séculos XIX e XX
DOI:
https://doi.org/10.18764/2178-2229v31n4.2024.64Palavras-chave:
Higienismo, Infância, Argentina, BrasilResumo
Este artigo problematiza quais as políticas higienistas foram pensadas e implementadas para a infância, nos finais do século XIX e início do XX, na América Latina (Argentina e Brasil)? A relevância do objeto de estudo se justifica por realizar uma investigação sobre um tema caro no campo da história da educação e da infância, na intenção de revelar como se configurou o pensamento higienista no cuidado e na educação das crianças nesses representativos países. O objetivo do artigo foi discutir a política higienista para a infância na América Latina, especialmente na Argentina, na cidade de Buenos Aires, e no Brasil, no período em tela, destacando as ações e medidas no cuidado e educação da criança nos finais do século XIX e início do XX. A metodologia adotada foi de cunho histórico e do tipo bibliográfico e documental. As principiais fontes documentais utilizadas foram legislações educacionais, relatórios e impressos educacionais, no recorte temporal de 1870 a 1925. A análise das fontes possibilitou identificar que o movimento higienista na Argentina e no Brasil teve papel importante no combate à mortalidade infantil e às doenças que acometiam considerável parcela da população. No âmbito da infância, nos dois países, os médicos difundiram seus preceitos junta às famílias com orientações para as mães, assim como no contexto escolar, por meio das inspeções médico-sanitárias, que tinham como propósito limpar e moralizar o corpo da criança na direção de formar uma infância forte e saudável para contribuir com o progresso e a civilidade almejada no ideário republicado.
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