Racismo e medicalização da vida no contexto de militarização da educação

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar o papel que a Psicopedagogia e a Psicologia podem assumir em instituições educativas militarizadas, a partir do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, implementado na gestão presidencial Bolsonaro (2018-2022), dando destaque à tendência racista e medicalizante imposta nesse processo. Para tanto, foram analisadas diversas reportagens da imprensa, bem como pesquisas acadêmicas sobre a militarização das escolas, das quais foram extraídos elementos para compor a narrativa de uma ficção testemunhada, descrevendo um cenário-pedagógico por meio do qual buscamos refletir sobre os limites estruturais da atuação do campo psi nesse tipo de instituição. Concentrando o olhar para a medicalização presente em demandas comuns à atuação de tais profissionais, recuperamos alguns aspectos históricos em torno de seu papel na educação brasileira e, em contraposição ao “convite” hegemônico para que reforcemos a dominação, buscamos fortalecer discussões teórico-políticas que tensionam a estrutura e seus perversos mecanismos de funcionamento. Esperamos que o debate aqui proposto possa servir de nutriente na construção coletiva de leituras e estratégias de enfrentamento contra-hegemônicas, em uma perspectiva antirracista e desmedicalizante.