Livros interditados e não recomendados: il Piccolo emigrante e sua autora Arpalice Cuman Pertile

Abstract

A professora e escritora de obras infantis Arpalice Cuman Pertile nasceu em Marostica, norte da Itália, aos 12 de maio de 1876, tempo em que muitos de seus conterrâneos imigravam em direção às Américas. Foi a primeira mulher de Marostica a alcançar a condição de formada no Ensino Superior em 1898 e tornou-se professora da Escola Normal por um período quando seus discursos a favor da paz e sua não adesão ao fascismo impuseram sua exclusão da docência, além de seus livros deixarem de ser recomendados. Escritora de inúmeras obras de literatura infantil, dentre elas Il Piccolo Emigrante, publicado pela reconhecida editora G. B. Paravia. Entrelaçando aspectos biográficos da autora e de suas obras, em especial Il Piccolo Emigrante, nessa análise intento pensar a relação de Arpalice Cuman Pertile, suas obras e as evidências da defesa de paz e liberdade, no contexto histórico italiano da primeira metade do século XX. Por meio da análise documental histórica de livros, correspondências, fotografias e jornais, a narrativa permite entrever a história de vida de uma escritora e professora que presenciou duas grandes guerras e sofreu em meio ao totalitarismo fascista. Ao final da década de 1920, algumas de suas obras de literatura infantil e didáticas deixaram de ser recomendadas por não estarem vinculadas aos ideais fascistas e mesmo com as imposições de isolamento, precarização das condições de vida, Arpalice ecoou em seus escritos a defesa da liberdade, justiça, paz e fraternidade humana. Arpalice faleceu em sua cidade natal, aos 30 de março de 1958.