A militância de uma educadora e escritora: Iracema Furtado Soares de Meireles e a ditadura varguista (1937-1945)
DOI:
https://doi.org/10.18764/2178-2229v32n2e26040Palavras-chave:
História da educação, história biográfica, militância feminina, educadora, ditadura varguistaResumo
O presente artigo está inserido na articulação da História da Educação com a história biográfica em uma perspectiva teórica e metodológica focada na cultura, na política e na educação. Considerando histórias de vidas de mulheres escritoras, e educadoras, como temas necessários para a renovação da historiografia educacional brasileira, propomos problematizar aspectos biográficos históricos de Iracema Furtado Soares de Meireles (1907-1982), autora da Cartilha “A Casinha Feliz” (1970), em diálogo com sua condição feminina, militante de esquerda, professora e autora de impressos escolares no período. Objetiva-se problematizar, sobretudo, o percurso profissional desta autora pernambucana com vistas nas articulações, confrontos, e resistências firmadas, e vivenciadas, durante o período em que Getúlio Vargas foi presidente do Brasil, com recorte no Estado Novo, entre os anos de 1937 e 1945, período ditatorial de perseguições, prisões, torturas, exílios e mortes. O recorte temporal recua para as primeiras décadas do século XX, tendo em vista a complexa relação de Iracema com o pensamento marxista e com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Propõe-se uma reflexão acerca de uma vida marcada por lutas e distintas formas de militância política em manifestações, enfrentamentos e outras atividades. Como fontes, este artigo recorreu a entrevistas, registros biográficos e à imprensa periódica, descortinando experiências, imposições, escolhas e condições vivenciadas por Iracema em caminhos árduos do patriarcado e da ditadura.
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