MULHERES NEGRAS EM MARCHA CONTRA O RACISMO, A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER: indícios para um currículo antirracista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18764/2178-2229.v27n4p129-151

Palavras-chave:

Currículo. Diferença, Interseccionalidade, Educação antirracista, Marcha das Mulheres Negras

Resumo

Esse artigo se propõe a pensar como o lema da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e o pelo Bem Viver (2015) como uma proposição teórico-política de um novo pacto civilizatório para sociedade brasileira proveniente do acúmulo da luta antirracista e feminista negra. Trazemos as organizações das mulheres, representadas aqui pela Marcha, como produtoras de uma gramática que converge para uma pedagogia feminista negra. Tomaremos a Carta das Mulheres Negras, fruto da Marcha das Mulheres Negras, como campo empírico; nela, as mulheres negras, elaboram significados do Bem Viver, de ancestralidade, e reiteram o rompimento com o racismo e todas as formas de discriminação, incluindo o campo educacional. Há nesse processo uma correspondência com as experiências e conhecimentos produzidos por ativistas negras como instrumentos de formulação de políticas públicas. Operamos no primeiro momento com as noções de pedagogia feminista e interseccionalidade como recurso de compreensão do protagonismo das mulheres negras e do entrelaçamento de distintas formas de diferenciações e desigualdades reciprocamente. No entanto, no segundo momento, ao deslocarmos a   interseccionalidade, daremos lugar a uma narrativa de assunção de uma política curricular centrada na diferença, ampliando as perguntas que se fazem nos processos de aproximação e distanciamento com as lutas e produções das mulheres negras em direção a uma educação feminista antirracista.

Palavras-chave: Currículo. Diferença. Interseccionalidade. Educação antirracista. Marcha das Mulheres Negras.  

BLACK WOMEN ON THE MARCH AGAINST RACISM, VIOLENCE AND FOR GOOD LIVING:evidence for an anti-racist curriculum

Abstract

This article proposes to think the motto of the Black Women's March against Racism, Violence and for Well-Living (2015) as a theoretical-political proposition of a new civilizing covenant for Brazilian society coming from the accumulation of the antiracist and black feminist struggle. We bring up the women's organizations, represented here by the March, as producers of a grammar that converges into a black feminist pedagogy. We will take up the Black Women’s Charter, the fruit of the Black Women's March, as an empirical field; in it, black women elaborate meanings of Well-Living, of ancestry, and reiterate the break with racism and all forms of discrimination, including the educational field. In this process, there is a correspondence with the experiences and knowledge produced by activist black women as tools for formulating public policies. We operate at the first moment with the notions of feminist pedagogy and intersectionality as a resource to understand black women’s protagonism and the intertwining of different forms of differentiation and inequality reciprocally. However, at the second moment, as we move intersectionality forward, we will make room for a narrative of assumption of a curricular policy focused on difference, broadening the questions asked in the processes of approach and distance with the struggles and productions of black women towards an anti-racist feminist education.

Keywords: Curriculum. Difference. Interseccionality. Antiracist education. Black Women's March.

MUJERES NEGRAS EN LA MARCHA CONTRA EL RACISMO, LA VIOLENCIA Y EL BUEN VIVIR: evidencia de un plan de estudios antirracista

Resumen:

Este artículo propone pensar el lema de la Marcha de las Mujeres Negras contra el Racismo, la Violencia y por el Bien-Vivir (2015) como una proposición teórico-política de un nuevo pacto civilizador para la sociedad brasileña proveniente de la acumulación de la lucha feminista antirracista y negra. Traemos las organizaciones de mujeres, representadas aquí por la Marcha, como productoras de una gramática que converge en una pedagogía feminista negra. Tomaremos como campo empírico la Carta de la Mujer Negra, fruto de la Marcha de la Mujer Negra; en ella, las mujeres negras elaboran significados de Bien-Vivir, de ascendencia, y reiteran la ruptura con el racismo y todas las formas de discriminación, incluso el campo educativo. En este proceso, hay una correspondencia con las experiencias y conocimientos producidos por las mujeres negras activistas como herramientas para formular políticas públicas. Operamos en un primer momento con las nociones de pedagogía feminista e interseccionalidad como recurso para entender el protagonismo de las mujeres negras y el entrelazamiento de diferentes formas de diferenciación y desigualdad recíprocamente. Sin embargo, en el según momento, mientras avanzamos en la interseccionalidad, daremos lugar para una narrativa de asunción de una política curricular centrada en la diferencia, ampliando las preguntas formuladas en los procesos de acercamiento y distancia con las luchas y producciones de las mujeres negras hacia una educación feminista antirracista.

Palabras-clave: Plan de estudios. Diferencia. Interseccionalidad. Educación antirracista. Marcha de las Mujeres Negras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nubia Regina Moreira, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Professora Titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Vitória da Conquista, BA, Brasil. Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1995) e mestrado em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (2007) e Doutora em Sociologia pela Universidade de Brasilia (2013). 

Thaís Teixeira Cardoso, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista, BA, Brasil

Downloads

Publicado

2020-12-29

Como Citar

MOREIRA, Nubia Regina; CARDOSO, Thaís Teixeira.
MULHERES NEGRAS EM MARCHA CONTRA O RACISMO, A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER: indícios para um currículo antirracista
. Cadernos de Pesquisa, v. 27, n. 4, p. 129–151, 29 Dez 2020 Disponível em: https://cajapio.ufma.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/16000. Acesso em: 25 nov 2024.