Poder e tradição: linhagens de autoridade na segurança pública
DOI :
https://doi.org/10.18764/2595-9549v8n18e27346Mots-clés :
Instituições Policiais, Família, Polícia civil, Poder, Linhagem políticaRésumé
O Delegado Geral é o cargo máximo dentro da Polícia Civil, responsável por organizar toda a instituição e servidores, entretanto, por ser função comissionada, em que o chefe do poder executivo estadual decide a quem atribuir a atividade, não existem critérios técnicos a limitar tal favoritismo, logo facilita às elites familiares influenciarem na escolha, reterem poder e riqueza por meio da ocupação dos altos postos na administração pública. Desde os anos 1990 a relevância das genealogias e inserção de parentes em cargos públicos passou a receber mais estudos em âmbito nacional, a fim de identificar como os grupos familiares transferem às próximas gerações privilégios e benefícios, numa adaptação do modelo patrimonialista, inadmissível no Estado Democrático de Direito, em que igualdade de condições e impessoalidade devem prevalecer. Com o objetivo de verificar se o Delegado Geral atuante entre 2013-2014 integrava alguma das famílias dominantes, a prosopografia foi utilizada como metodologia de pesquisa; investigou-se a genealogia e biografia do objeto do estudo por meio de análise documental, histórica e arquivística nos meios de comunicação, rede internacional de computadores, Biblioteca Pública do Paraná e sites de investigação genealógica. Constatou-se que o indivíduo pesquisado integra família de imigrantes libaneses com destaque nas áreas de comunicação e literárias que, por laços de matrimônio, juntou-se a tradicional família da Lapa/PR, os Lacerda – Braga. A longa permanência em cargos estratégicos da estrutura de segurança pública estadual pode, sim, ser em decorrência da integração a linhagens tradicionais, viabilizando a herança de cargos elevados no presente, uma vez que as elites visam resguardar poder e riquezas junto de seus semelhantes.
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