Machado de Assis: realismos à sua maneira
DOI:
https://doi.org/10.18764/2595-9549v8n17e26431Palavras-chave:
Machado de Assis, Realismo literário, Estética, Crítica literáriaResumo
Machado de Assis é um dos autores brasileiros a quem a crítica literária mais tem se dedicado. Isso se deve não apenas à vasta produção do pai de Capitu, mas também à qualidade de sua narrativa, especialmente no que tange às obras publicadas a partir de 1880. Com uma produção literária que se destaca pela sua qualidade narrativa, ressalta-se uma problemática em torno de Machado de Assis que se estende até os dias atuais: a sua classificação estética, isto é, uma certa incongruência entre o que tínhamos e ainda temos nos livros didáticos e nos manuais de literatura e o que observa a crítica atualmente. Nesse sentido, este artigo propõe um diálogo entre conceitos do realismo filosófico e literário e trechos da obra machadiana, a fim de ampliar nosso entendimento sobre o estilo do autor. As bases teóricas para estas reflexões são de René Wellek (1963), Alexander Baumgarten (1993), José Ferrater Mora (2001), Ian Watt (1990), Gustavo Bernardo (2011), Roberto Schwarz (2000), José Guilherme Merquior (2011), George Lukács (2009) e Augusto Meyer (1964, 2008), os quais permitem ampliar entendimentos sobre o estilo machadiano. Os resultados apontam que, embora haja elementos que garantam verossimilhança e crítica social, como a representação da hipocrisia burgues a, a narrativa conduzida por um defunto-autor e a perspectiva unilateral e cínica do narrador desafiam os critérios fundamentais do realismo tradicional. Conclui-se que Machado constrói uma poética dialética que funde e tensiona elementos de diferentes escolas estéticas, recusando enquadramentos rígidos.
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