O fechamento de escolas rurais em Rondônia e a pandemia: impactos sobre as comunidades locais
DOI:
https://doi.org/10.18764/2178-2229v32n3e25738Parole chiave:
reformas educacionais em Rondônia, fechamento de escolas do campo, educação pós- pandemiaAbstract
Nas últimas décadas, a educação brasileira passou por grandes reformas para privilegiar uma visão de mercado e privatista em detrimento da valorização de uma educação pública com qualidade social. Nesse contexto, o fechamento em massa das escolas rurais atingiu as comunidades historicamente excluídas – como indígenas, caboclas, ribeirinhas, extrativistas e quilombolas –, aumentando as desigualdades educacionais e sociais. Um exemplo desse processo é o estado de Rondônia, na Amazônia Ocidental, que tem expandido o agronegócio ao mesmo tempo que apresenta um elevado número de escolas fechadas, inclusive durante o período pandêmico. A partir da análise de dados documentais coletados do Censo da Educação Básica, no período de 2012 a 2023, com revisão bibliográfica e abordagem do materialismo histórico-dialético, o objetivo deste trabalho foi analisar a política de fechamento de escolas da zona rural no estado de Rondônia e como as comunidades locais estão sendo impactadas. Os resultados apontam para a existência de uma tendência consolidada de fechamento de escolas com uma investida cada vez maior do agronegócio, que tem impactos na produção econômica e nas dinâmicas sociais das comunidades do campo, das águas e das florestas. A etapa do Ensino Fundamental tem sido a mais afetada, apresentando os maiores percentuais de fechamento de escolas.
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