QUEM TE DISSE QUE O NEGRO NASCEU PRA SER ESCRAVO? Memórias de liberdade, narrativas de autonomia nos caminhos de mato e a formação de um grande território negro na região de Itapecuru-Mirim/MA
Abstract
Este trabalho apresenta narrativas e memórias do período do pós-abolição (1888- 1950) em territórios quilombolas de Itapecuru Mirim. As narrativas permitem compreender os processos de autonomia e liberdade na formação de um grande território negro na região a partir do viver e do caminhar pelos matos e pelas águas, acionando um espaço comandando por grupos negros. O trabalho foi realizado a partir de revisão bibliográfica e de entrevistas com lideranças dos territórios quilombolas da região. Como resultados, discutimos a formação de um grande território negro, relativamente autônomo e liderado pelos grupos negros, que apontam a liberdade e o respeito no caminhar nos matos e se deparar com todo tipo de fruto, no passar nos caminhos de matos e respeitar os povoados, no festejar. Essas memórias de um período de autonomia são acionadas em detrimento do avanço de empreendimentos desenvolvimentistas, ligados à construção do Corredor Carajás, e de fazendas sobre o espaço territorial negro, desde a década de 1950.
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