Tradicionalismo católico e o fundamentalismo religioso: estudo dos casos da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney e o Centro Dom Bosco
DOI:
https://doi.org/10.18764/1983-2850v18n52e25805Schlagworte:
tradicionalismo católico, fundamentalismo, Concílio Vaticano IIAbstract
Com base em conceitos e argumentos de Berger e Zijderveld (2012) sobre o fundamentalismo, esse artigo busca avaliar em que medida os “tradicionalistas católicos” podem ser considerados como fundamentalistas. Definindo tradicionalistas católicos como aqueles que dão preferência à Missa Tridentina rejeitando várias novidades do Vaticano II, os autores deste artigo apresentam um breve panorama desses grupos existentes no Brasil. Devido à quantidade e diversidade de grupos, apenas dois grupos são analisado: a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney e o Centro Dom Bosco de Fé e Política (CDB). Com perfis e histórias bem distintas, esses dois grupos foram escolhidos, tanto por suas diferenças, como por terem surgido no Brasil. A partir de informações divulgadas por cada grupo em redes sociais e sites na internet e também com base em dados coletados em trabalhos realizados por outros pesquisadores, os autores identificam caraterísticas que aproximam esses grupos do chamado fundamentalismo. Destacam-se, entre essas, o grau de rejeição ao mundo contemporâneo, práticas e discursos intolerantes em relação ao diferente, incluindo àqueles de sua mesma religião. O texto sublinha ainda outras características do fundamentalismo, como discursos políticos em estilo agressivo e bélico, além do uso da internet como meio de divulgação e seu crescimento entre jovens, que são mais evidentes no CDB. Conclui-se, assim, que o CDB tende a ter mais proximidade com os diversos fundamentalismos religiosos contemporâneos do que a Administração Apostólica, que se tornou mais moderada com os anos.
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