Intercâmbio educacional e cultural entre Moçambique e Brasil: a experiência amefricanas dos estudantes moçambicanos em São Luís de Maranhão no diálogo sul-sul

Abstract

O artigo examina o programa de intercâmbio entre Moçambique e o Brasil, com foco na experiência vivida pelos estudantes moçambicanos no Maranhão, particularmente no contexto da Universidade Federal de Maranhão. Elaborado com base nos depoimentos de 14 estudantes intercambistas da Universidade Pedagógica de Maputo e 4 da Universidade Pungue, que compunham a delegação moçambicana no Programa Caminhos Amefricanos, o texto destaca a imersão cultural e histórica como ferramenta de enriquecimento para os participantes. Dividido em três partes, o artigo analisa a importância da solidariedade orgânica, conforme definida por Durkheim, para a coesão social nas comunidades afrodescendentes. A primeira parte do artigo discute a vivência dos intercambistas nas comunidades quilombolas e sua reflexão sobre a herança africana, a resistência ao racismo e a preservação da memória histórica. A segunda parte explora propostas de políticas públicas para o combate ao racismo e a relevância do diálogo Sul-Sul. A terceira parte foca na educação e na troca intercultural como mecanismos para fortalecer a coesão social. A análise revela como a convivência nas comunidades quilombolas e a interação com as culturas locais reforçam a identidade coletiva e a luta pela igualdade racial. O artigo conclui que o intercâmbio contribui para a construção de uma sociedade mais justa e integrada, baseada na valorização da ancestralidade e na solidariedade entre os países do Sul.