Souza Marques e os batistas brasileiros: um porta-voz (não) adequado entre 1910-1930

Resumo

A historiografia sobre o lugar do protestantismo na sociedade brasileira ainda apresenta diversas lacunas, especialmente no contexto da história republicana. O protagonismo recente dos evangélicos nas campanhas presidenciais evidenciou a necessidade de um maior número de estudos voltados para a compreensão desse fenômeno social. Nesse sentido, este artigo busca analisar os primeiros anos da trajetória de José de Souza Marques. Nascido no Morro do São Carlos em 1894, Souza Marques se converteu aos 17 anos na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. Reconhecido como um potencial pastor foi enviado para o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e se formou em 1922. Como ministro religioso, fundou diversas igrejas nas periferias cariocas e se destacou como educador, sendo o fundador do Colégio e da Faculdade Souza Marques. Após obter o título de bacharel em Direito pela Escola Nacional de Direito em 1939, Souza Marques ingressou na política criando o Partido Republicano Democrático em 1945. Desse modo, foi eleito deputado estadual pelo PTB em 1960. Sua jornada o consolidou como uma figura central na política carioca, defendendo causas como reforma agrária, educação pública e os interesses dos evangélicos cariocas. Considerando que a sua vida apresentou fortes relações entre “fé batista” e “raça” no pós-abolição, este artigo discute os principais atos de investidura que marcaram a trajetória institucional do negro José de Souza Marques na Convenção Batista Brasileira.