Aspectos não institucionais das religiões japonesas no Brasil antes da década de 1950: reconsiderando o “paradigma Maeyama”

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.18764/1983-2850v18n53e26226

Schlagworte:

Takashi Maeyama, paradigma, religiões japonesas, imigração

Abstract

Na produção acadêmica a respeito das religiões e religiosidades japonesas no Brasil, uma das linhas de pesquisa utilizadas partiu das proposições do antropólogo japonês Takashi Maeyama, a ponto de converter-se na principal matriz para pensar o fenômeno. O que denominamos “paradigma Maeyama” postula que os imigrantes e os descendentes de japoneses no Brasil não praticaram manifestações religiosas institucionais até aproximadamente a década de 1950. O objetivo do presente artigo é analisar o paradigma, delineando seus postulados e implicações como modelo norteador de produções posteriores, inclusive do ponto de vista epistemológico. Da perspectiva metodológica, foi realizada uma pesquisa bibliográfica atentando tanto para as produções de Maeyama quanto para investigações posteriores. Como discussões, é sugerido que o paradigma em foco, não obstante importante, pode ser problematizado considerando temáticas como o culto aos ancestrais e sua cemiterização, bem como as manifestações do Xintoísmo no Brasil.

Downloads

Keine Nutzungsdaten vorhanden.

Autor/innen-Biografien

Richard Gonçalves André, Universidade Estadual de Londrina

Richard Shimada André é doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), com pós-doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), e professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Também atua como professor do Programa de Pós-Graduação em História Social da UEL, é coordenador do Laboratório de Pesquisa sobre Culturas Orientais (LAPECO) e editor da Prajna: revista de culturas orientais.

Rafael Shoji, Pesquisador independente associado à PUC/SP através do CERAL (Centro de Estudo de Religiões Alternativas)

Rafael Shoji formou-se em Estudos da Religião pela Universidade de Hannover (Alemanha). Entre 2006 e 2007 e novamente entre 2010 e 2011, integrou o Nanzan Institute for Religion and Culture (Nagoya, Japão) como pesquisador visitante. Como cofundador do Centro de Estudos de Religiões Alternativas de Origem Oriental (CERAL), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, dedica-se ao estudo do budismo e de outras religiões orientais na América Latina

Literaturhinweise

ANDRÉ, Richard Gonçalves. Religião e silêncio: representações e práticas mortuárias entre nikkeis em Assaí por meio de túmulos (1932-1950). 2011. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2011.

ANDRÉ, Richard Gonçalves. Entre a casa, o túmulo e as cinzas: permanências e transformações do culto budista aos ancestrais entre nipo-brasileiros. Religare, v. 13, p. 445-479, 2016.

BALDUS, Herbert; WILLEMS, Emílio. Casas e túmulos de japoneses no Vale da Ribeira do Iguape. Revista do Arquivo Municipal, v. 7, n. 77, p. 121-135, 1941.

CAMPRA, Rudinei. A imigração japonesa e a construção da memória religiosa e patrimonial da Seichō-no-Ie no Paraná (Ibaiti, 1981-1999). 2024. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2024.

CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do folclore brasileiro. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1971.

CLARKE, Peter. Japanese new religious movements in Brazil: from ethnic to “universal” religions. In: CRESSWELL, Jamie; WILSON, Bryan (org.). New religious movements: challenge and response. London: Routledge, 1999. p. 197-211.

COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DA HISTÓRIA DOS 80 ANOS DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL. Uma epopéia moderna: 80 anos da imigração japonesa no Brasil. São Paulo: Hucitec; Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, 1992.

DEAL, William; RUPPERT, Brian. A cultural history of Japanese Buddhism. Chichester: Wiley Blackwell, 2015.

FUJII, Masao. Maintenance and change in Japanese traditional funerals and death-related behavior. Japanese Journal of Religious Studies, v. 10, n. 1, p. 39-64, 1983.

HANDA, Tomoo. O imigrante japonês: história de sua vida no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz Editor; Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, 1987.

HARDACRE, Helen. Shintō and the state, 1868–1988. Princeton: Princeton University Press, 1989.

KAWASAKI, Nobuyoshi. Entrevista concedida a [INFORMAÇÃO OMITIDA]. 2008.

KIYOTA, Minoru. Buddhism in postwar Japan: a critical survey. Monumenta Nipponica, v. 24, n. 1-2, p. 113-136, 1969.

KŌJI, S. A concept of ‘Overseas Shintō Shrines’: a pantheistic attempt by Ogasawara Shōzō and its limitations. Japanese Journal of Religious Studies, v. 37, n. 1, p. 47-74, 2010.

KUMASAKA, Y.; SAITO, H. Kachigumi: uma delusão coletiva entre os japoneses e seus descendentes no Brasil. In: MAEYAMA, Takashi; SAITO, Hiroshi (org.). Assimilação e integração dos japoneses no Brasil. São Paulo: Editora Vozes; Edusp, 1973. p. 448-464.

LENHARO, Alcir. Sacralização da política. São Paulo: Papirus, 1986.

LESSER, Jeffrey. A negociação da identidade nacional: imigrantes, minorias e a luta pela etnicidade no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2001.

LUIZ, Luiz. O espírito de Yamato: o xintoísmo de Estado e o Kyōiku Chokugo na formação do nacionalismo japonês e a imigração para o Brasil (1890-1980). 2019. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2019.

MAEYAMA, Takashi. O imigrante e a religião: estudo de uma seita religiosa japonesa em São Paulo. 1967. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1967.

MAEYAMA, Takashi. Religião, parentesco e as classes médias dos japoneses no Brasil urbano. In: SAITO, Hiroshi; MAEYAMA, Takashi (org.). Assimilação e integração dos japoneses no Brasil. São Paulo: Editora Vozes; Edusp, 1973a. p. 240-272.

MAEYAMA, Takashi. O antepassado, o imperador e o imigrante: religião e identificação de grupo dos japoneses no Brasil rural (1908-1950). In: SAITO, Hiroshi; MAEYAMA, Takashi (org.). Assimilação e integração dos japoneses no Brasil. São Paulo: Editora Vozes; Edusp, 1973b. p. 414-447.

MORAIS, Fernando. Corações sujos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

MORI, Koichi. Vida religiosa dos japoneses e seus descendentes residentes no Brasil e religiões de origem japonesa. In: COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DA HISTÓRIA DOS 80 ANOS DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL. Uma epopéia moderna: 80 anos da imigração japonesa no Brasil. São Paulo: Hucitec; Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, 1992. p. 559-603.

PEREIRA, Ronan Alves. Ishizuchi Jinja: sobrevivência xinto-budista no contexto brasileiro. Rever - Revista de Estudos da Religião, v. 11, n. 2, p. 55-62, 2011.

REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

SAITO, Hiroshi; MAEYAMA, Takashi (org.). Assimilação e integração dos japoneses no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1973.

SETO, Cláudio; UYEDA, Maria Helena. Ayumi: caminhos percorridos. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2002.

SHIMAZONO, Susumu. State Shintō and the religious structure of modern Japan. Journal of the American Academy of Religion, v. 73, p. 1077-1098, 2005.

SHOJI, Rafael; USARSKI, Frank. Japanese new religions in Brazil and the dynamics of globalization versus glocalization. Journal of Religion in Japan, v. 3, p. 247–269, 2014.

SHUSTER, Donald R. State Shintō in Micronesia during Japanese rule, 1914–1945. Pacific Studies, v. 5, n. 2, p. 20-43, 1982.

STAHL, Lino. Entrevista concedida a [INFORMAÇÃO OMITIDA]. 2018.

SUZUKI, Teiti. The Japanese immigrant in Brazil. Tokyo: University of Tokyo Press, 1969.

WIJAYARATNA, Mohan. Funerary rites in Japanese and other Asian Buddhist societies. Japan Review, n. 8, p. 105-125, 1997.

Veröffentlicht

2025-08-27

Zitationsvorschlag

RICHARD GONÇALVES ANDRÉ; SHOJI, Rafael.
Aspectos não institucionais das religiões japonesas no Brasil antes da década de 1950: reconsiderando o “paradigma Maeyama”
. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 18, n. 53, p. 1–20, 27 Aug. 2025 Disponível em: https://cajapio.ufma.br/index.php/rbhr/article/view/26226. Acesso em: 5 nov. 2025.