O legado conservador do bispo Antônio de Castro Mayer: uma perspectiva histórica.
DOI:
https://doi.org/10.18764/1983-2850v18n53e25263Palavras-chave:
tradicionalismo, Diócesis de Campos, anticoncílio, Castro MayerResumo
Dom Antônio de Castro Mayer foi uma das figuras mais proeminentes do conservadorismo católico brasileiro no século XX. Sua trajetória, analisada a partir de uma pesquisa documental histórica, revela um sacerdote profundamente comprometido com a preservação de uma visão antimoderna e antiecumênica da Igreja, alinhada aos paradigmas definidos pelos concílios de Trento e Vaticano I. Durante o Concílio Vaticano II, Castro Mayer posicionou-se como um firme opositor às reformas conciliares, tornando-se um dos líderes da resistência conservadora. Diferentemente da maioria das dioceses brasileiras, a diocese de Campos não incorporou prontamente as mudanças conciliares, permanecendo como uma realidade eclesiológica singular no contexto mundial. O processo de recepção das reformas conciliares na Igreja de Campos só teve início após a saída de Castro Mayer, em novembro de 1981. A partir de então, intensificaram-se conflitos internos, exonerações e substituições de párocos, culminando em 1988, quando Castro Mayer participou das sagrações episcopais realizadas sem mandato apostólico. Esse ato, liderado pelo arcebispo Marcel Lefebvre, simbolizou sua adesão à luta anticonciliar e marcou uma ruptura institucional significativa em nome da preservação do modelo pré-conciliar, que ele chamava de a “Igreja de Sempre”. Este artigo, por meio de pesquisa documental histórica, examina o legado de Castro Mayer na diocese de Campos dos Goytacazes, destacando como sua postura intransigente resultou em uma experiência única na história da Igreja, caracterizada por uma resistência doutrinária e institucional que continua a ecoar no debate sobre o impacto do Concílio Vaticano II.
Palavras-chave: Tradicionalismo, Diocese de Campos, anticoncílio, Castro Mayer.
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