A cor do fracasso escolar: o lugar do jovem autor de ato infracional para a escola brasileira
DOI:
https://doi.org/10.18764/2358-4319v18e23583Palavras-chave:
fracasso escolar, medida socioeducativa, exclusão socialResumo
Este artigo tem por objetivo refletir o lugar de marginalização sistemática de adolescentes em conflito com a lei, com foco especial em jovens negros (pretos e pardos), no contexto escolar brasileiro. A análise crítica destaca como o processo formativo, ao longo de sua história social, corrobora para a segregação desses estudantes, perpetuando desigualdades sociais e econômicas em consonância com os interesses da sociedade moderna capitalista, tal qual, com a sociedade pautada na lógica do pan-óptico. Ao explorar a dinâmica educacional, ou pelo menos parte dela, o artigo destaca que as práticas pedagógicas, na maioria das vezes, falham em compreender as complexas realidades enfrentadas por esses adolescentes, resultando em estigmatização, discriminação e exclusão. Neste sentido, o fracasso escolar é convertido em uma produção individualista e reducionista, cujo mot se resume tão somente numa quase “classificação das espécies”. A falta de sensibilidade cultural e a ausência de abordagens pedagógicas de fato inclusivas, exacerbam as disparidades existentes, prejudicando ainda mais a trajetória educacional e social desses jovens em conflito com a lei. Além disso, a análise propõe uma reflexão sobre como as estruturas educacionais podem, inadvertidamente, perpetuar as desigualdades sociais, contribuindo para a manutenção de um sistema que beneficia a sociedade capitalista em detrimento das populações marginalizadas. Este artigo busca não apenas evidenciar as lacunas existentes na esfera escolar, mas também oferecer uma visão crítica que proporcione reflexão e discussão sobre o lugar ocupado pela pedagogia nestes tempos e suas predileções.
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