Reforma empresarial e controle em larga escala: avaliação externa como instrumento de adequação das escolas
DOI:
https://doi.org/10.18764/2358-4319v18e23813%20Palavras-chave:
Avaliação externa em larga escala, reforma empresarial, militarização da educaçãoResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar os impactos que a avaliação externa impõe sobre as formas plurais de ensinar e aprender, sobre o trabalho docente e sobre a política educacional no que se refere à militarização da educação. Para tanto, foi realizada uma pesquisa documental com vistas a averiguar o papel central que a avaliação externa, com destaque para o PISA, desempenha para articular a reestruturação da atuação do Estado, por meio de mudanças impostas à gestão educacional e ao currículo escolar. Com base na pesquisa bibliográfica inicial, procedeu-se a análise de documentos técnicos e entrevistas em fontes secundárias para abranger e articular todos os processos desencadeados pela política de avaliação externa. Considerou-se que esta é uma política que conforma a reorganização do trabalho escolar e a formação de novas subjetividades, sem que o Estado abra mão de seu papel ativo neste processo. Por fim, relembrando o trágico massacre de Nochixtlán em 2016, que teve a avaliação docente de caráter punitivo como estopim para o conflito social, refletiu-se sobre a contribuição decisiva que a avaliação externa aporta para a militarização da educação, reforçando que por estes motivos o Estado atua em colaboração com reformas empresariais e autoritárias da educação, tendo na avaliação externa um instrumento de pressão para implementar estas políticas.
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