Educação bilíngue de pessoas negras-surdas: interseccionalidade, decolonialidade e emancipação linguística
DOI:
https://doi.org/10.18764/2358-4319v18e23908Palavras-chave:
educação de surdos, Língua Brasileira de Sinais, perspectiva Decolonial.Resumo
O estudo analisa a educação bilíngue de pessoas surdas sob a ótica da perspectiva decolonial e da epistemologia visual, buscando compreender como práticas e políticas educacionais podem promover a valorização das identidades negras-surdas no contexto brasileiro. De natureza qualitativa, bibliográfica e documental, a pesquisa dialoga com autores como Strobel (2008), Quadros (2019), Ladd (2013) e Sutton-Spence (2014), além de documentos legais que regulamentam a educação bilíngue. Os resultados demonstram que o reconhecimento da Libras como língua de pensamento e expressão, aliado à incorporação de saberes étnico-raciais, é essencial para romper com paradigmas eurocêntricos e medicalizantes ainda presentes na educação de surdos. Conclui-se que a construção de uma epistemologia surda, ancorada na visualidade, na cultura e na diferença linguística, constitui caminho necessário para uma educação bilíngue emancipatória, inclusiva e socialmente justa, capaz de fortalecer o protagonismo e a identidade das pessoas negras-surdas.
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