Entre Inovação e Dependência: a presença de uma Big Tech na Educação Pública Brasileira

Resumo

A pesquisa analisa a presença e a influência do Google nas escolas públicas brasileiras, buscando compreender as implicações do uso de suas tecnologias na educação. Nos últimos anos, as ferramentas da empresa tornaram-se amplamente utilizadas por professores e estudantes, transformando práticas pedagógicas, processos de gestão escolar e políticas públicas. Esse movimento se intensificou durante e após a pandemia, quando o ensino remoto e híbrido acelerou a adoção de plataformas digitais e ampliou a centralidade das Big Techs na educação. O estudo adota abordagem qualitativa, baseada em revisão bibliográfica, análise de documentos oficiais, reportagens e observação das experiências dos autores no contexto escolar. Essa metodologia permite identifiicar tanto o percurso histórico da inserção das tecnologias digitais na educação pública quanto o papel crescente de grandes corporações tecnológicas. O debate dialoga com autores que discutem inovação, capitalismo digital e mercantilização do ensino, analisando o Google não só como fornecedor de ferramentas, mas como agente capaz de influenciar decisões pedagógicas e políticas educacionais. O texto destaca que a digitalização educacional no Brasil ocorre em um cenário de dependência tecnológica, desde iniciativas iniciadas nos anos 1980 até políticas recentes, como a Lei nº 14.533/2023, combinadas às ações do programa Google for Education. A expansão do uso do Google Classroom, da distribuição de Chromebooks e das parcerias com governos evidencia o fortalecimento da empresa no ensino público. Conclui-se que, embora as tecnologias do Google tragam eficiência e organização escolar, sua predominância aprofunda desigualdades entre países centrais e periféricos e contribui para a mercantilização e padronização do ensino, reduzindo a autonomia pedagógica. Compreender esse processo é fundamental para analisar a educação digital brasileira em contexto global.